"Estamos pedindo socorro" gritam indígenas de Rondônia diante da crise ambiental

O fogo consome a floresta, mata animais e a seca isola comunidades transformando rios em praias.
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Voz da Terra
27 setembro 2024
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Fogo disparou em florestas públicas e avançou em terras indígenas e áreas privadas (Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace – 01/08/2024)

Redação Voz da Terra 

Os povos indígenas de Rondônia, chamados de "Guardiões da Floresta", estão lutando para sobreviver em meio a uma crise sem precedentes. O fogo e a fumaça que se espalham por suas terras estão destruindo vidas, plantações, florestas, matando animais, enquanto crianças e idosos sofrem com problemas de infecções e doenças. As lideranças alertam que o cenário deve piorar com a seca prolongada.

“Nós, indígenas em Rondônia, pedimos socorro. Estamos lutando para sobreviver ao fogo e à fumaça”, denuncia a Organização dos Povos Indígenas de Rondônia e Noroeste do Mato Grosso (OPIROMA). A fumaça é intensa, transformando o ar em um risco contínuo. "Nas aldeias e nas cidades, são principalmente crianças e idosos que estão com conjuntivite e sérios problemas respiratórios. Não vemos mais o sol. Não vemos mais os rios. A fumaça vem de todo canto. Parece uma gripe forte."

Na Terra Indígena Karipuna, em Porto Velho, a situação é crítica. Uma criança foi hospitalizada com convulsões e paradas respiratórias, e uma liderança está com sérios problemas pulmonares. Os relatos indicam que invasores usaram o fogo de maneira criminosa para ocupar terras indígenas, agravando a devastação.

Seca e destruição nos rios e terras indígenas

O rio Pacaás-Novas, que corta as Terras Indígenas Uru-Eu-Wau-Wau e Pacaás-Novas, está em níveis tão baixos que as comunidades já não conseguem se deslocar pelas águas. Na TI Guaporé, o abastecimento de água é irregular, enquanto na TI Kwazá do Rio São Pedro, os poços e igarapés secaram. O rio Madeira, maior afluente do Amazonas, continua reduzindo o volume de água, afetando diretamente o povo Mura e outras comunidades ribeirinhas.

“A fumaça e a seca estão nos matando”, afirma um líder Mura. O impacto foi devastador nas plantações e na escassez de água potável. Animais como tatus, jabutis e tamanduás também estão sendo dizimados pelas queimadas. "Os que sobreviveram estão perdendo suas casas."

Fogo e abandono

Em diversas Terras Indígenas, o fogo avança sem controle. Nas TIs Igarapé Lage, Rio Branco, Tubarão Latundê e Sete de Setembro, os indígenas enfrentam sozinhos o avanço das chamas. “Estamos abandonados”, dizem as lideranças, denunciando a ausência de suporte adequado dos órgãos.

Essa situação, segundo eles, já perdura há mais de um mês, especialmente na TI Uru-Eu-Wau-Wau. A fumaça e a destruição continuam a avançar, e o período de seca.

Medidas contra a devastação

Diante desse cenário, as organizações indígenas lançam um apelo urgente às autoridades e à sociedade. "É necessário tomar medidas de contenção do fogo e da seca. Precisamos de proteção para nossas terras e nascentes, e que os responsáveis sejam punidos".

Entre as demandas das lideranças estão o apoio imediato às comunidades indígenas, a paralisação de financiamentos para atividades agrícolas que promovam a destruição ambiental, e a responsabilização de fazendeiros e políticos coniventes como as queimados. “Não podemos continuar assistindo nossa terra ser destruída, enquanto a fumaça toma conta de tudo”.

Coletivos indígenas unem forças

As reclamações fazem parte de um manifesto assinado por diversas organizações e coletivos indígenas de Rondônia, incluindo a OPIROMA, a Associação Oro Wari e o Coletivo Mura, que reafirmam a necessidade urgente de ações concretas para evitar que mais vidas sejam perdidas e que o meio ambiente seja devastado.

Os povos indígenas, que há séculos protegem as florestas e a biodiversidade, agora lutam para garantir sua própria sobrevivência e a preservação dos territórios que sempre cuidam.

As ações de combate à seca e às queimadas precisam ser imediatas. As comunidades reivindicam respostas concretas dos governos e órgãos ambientais, antes que o fogo destrua toda floresta.


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