Territórios indígenas são consumidos pelo fogo em Rondônia

Cerca de 28% do total de áreas queimadas no estado localiza-se em terras indígenas.
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Voz da Terra
26 setembro 2024
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Incêndio florestal desordenado. (Foto: Christian Braga / Greenpeace)

Redação Voz da Terra

Apenas cinzas é o que tem sobrado das florestas preservadas dos territórios indígenas de Rondônia. O fogo consome de maneira descontrolada uma imensidão de áreas verdes e as chamas continuam sem controle. Cerca de 17 terras indígenas no estado registraram focos de incêndio.

Na TI Sete de Setembro, incêndios atingiram várias áreas. De acordo com o Painel do Fogo, no dia 22 de setembro de 2024, quatro focos ativos se concentravam ao sul, dois a leste e mais dois a oeste, sendo esses os mais significativos. O fogo afetou 9.745 hectares, com 412 focos detectados em 57 dias de monitoramento.

Esses incêndios avançam sobre residências e plantações, destruindo florestas e áreas de uso comunitário. A vegetação queimada compromete a biodiversidade local e diminui a fertilidade do solo, dificultando a recuperação natural.

Suspeitas indicam que os incêndios são criminosos, possivelmente incentivados por grandes proprietários de terra para transformar áreas em pastagens, promovendo o desmatamento na TI.

A Brigada de incêndios do povo Paiter Surui, enfrenta desafios significativos. Com apenas 15 brigadistas e recursos limitados, a equipe luta contra múltiplos focos de incêndio. Logística precária, como a disponibilidade de apenas um veículo, dificulta ainda mais as operações. Os brigadistas dependem de veículos próprios ou de instituições parceiras para acessar áreas afetadas.

Além dos incêndios, há ameaças aos brigadistas. Para chegar nas áreas com focos de incêndio, é necessário atravessar propriedades rurais, o que resultou em intimidações e na necessidade de realocar o acampamento. Em uma dessas situações, foi solicitado apoio da Força Nacional.

Territórios em chamas

Na TI Uru-Eu-Wau-Wau, os incêndios se concentram no limite norte, incluindo áreas adjacentes ao Parque Nacional de Pacaás Novos. O Painel do Fogo detectou 3.514 focos, com 16.796 hectares afetados. Grande parte do fogo provém de áreas recém-loteadas e de invasões.

A TI Roosevelt enfrenta um cenário semelhante, com 1.353 focos detectados ao longo de 54 dias, afetando 44.199 hectares. Já na TI Aripuanã, 2.228 focos foram registrados, impactando 79.151 hectares.

Na TI Igarapé Lage, os incêndios atingem 2.244 hectares, originando-se de propriedades nas proximidades. Há também o risco de o fogo do Parque Estadual de Guajará-Mirim avançar para essa área.

Na TI Pacaás Novas, 242 focos foram registrados ao longo de 18 dias, impactando 10.947 hectares. O trabalho da brigada indígena tem sido crucial para controlar a situação.

Além das TIs mencionadas, o Painel do Fogo reporta atividades em várias outras, incluindo Kaxarari e Igarapé Ribeirão. Até o dia 22 de setembro, mais de 10 mil focos de calor foram detectados, resultando em uma área de 176.756 hectares afetados, maior que a soma das áreas dos municípios de Castanheiras e Novo Horizonte do Oeste. Assim, 28% do total de áreas queimadas em Rondônia localiza-se em terras indígenas. (OAR)



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