Como o Brasil se prepara para a COP30 no Pará?

O Pará corre contra o tempo para se organizar para o evento, o governo federal quebra a cabeça com os desafios das negociações climáticas.
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Voz da Terra
30 novembro 2024
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Cop29 não agradou países em desenvolvimento (Foto: Agência Pará)

Voz da Terra - Clima Info

10 de novembro de 2025. Essa data está na cabeça de políticos e gestores públicos em Belém (PA) e Brasília (DF) pelo próximo ano. Neste dia, a próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) iniciará na capital paraense, com muita expectativa em torno da agenda de negociação e da hospitalidade brasileira a dezenas de milhares de participantes esperados. Os próximos meses serão de bastante trabalho, tanto nos canteiros de obras espalhados pela cidade quanto nos gabinetes na capital federal.

Do ponto de vista prático, o desafio é organizar um evento desta magnitude em uma cidade no meio da Amazônia, fora dos circuitos tradicionais do turismo estrangeiro no Brasil. Desde o anúncio da sede da COP30 em Belém, feito pelo presidente Lula há quase dois anos, o poder público corre contra o tempo para preparar a cidade para a COP30, especialmente na parte de infraestrutura urbana e da rede hoteleira local.

Mais recentemente, a questão da segurança também emergiu como uma preocupação depois do atentado fracassado ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), quase dois anos após a intentona bolsonarista que depredou os palácios dos Três Poderes em Brasília. Em entrevista ao Estadão, o governador do Pará, Helder Barbalho, reforçou que tem “absoluta confiança e convicção” de que a COP30 será um evento “absolutamente seguro”.

“Estamos falando da expectativa de em torno de 140 chefes de Estado e 60 mil pessoas das mais diversas nacionalidades. Isso requer a participação integrada das forças de segurança municipais e estaduais e da força de segurança nacional, que deve coordenar esse processo e diálogo através das Nações Unidas”, comentou Barbalho.

Mas a preocupação com a capacidade do Brasil sediar a COP30 não se resume à cidade-sede. De acordo com o Metrópoles, o Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty) colocou em xeque as condições logísticas da própria pasta para a realização do evento no país. Os principais desafios identificados pelos servidores são a falta de recursos humanos e a infraestrutura inadequada para a condução de reuniões multilaterais.

“A COP30 representa uma prova de fogo para a capacidade institucional do Itamaraty em coordenar um evento dessa magnitude. (…) No entanto, a realidade enfrentada aponta para a urgente necessidade de melhorias estruturais, administrativas e financeiras para que possamos desempenhar nosso papel de maneira eficiente e digna”, declarou o sindicato em carta pública.

Considerando a complexidade e a situação delicada das negociações multilaterais para o clima depois da COP29 de Baku, encerrada no último final de semana, esse questionamento dos servidores do Itamaraty levanta uma segunda preocupação, sobre a capacidade política do governo brasileiro em reconstruir a confiança entre os países e injetar mais ambição climática nos novos objetivos sob o Acordo de Paris.

“Ao assumir a presidência da COP30, o Brasil terá o dever de continuar sendo um exemplo positivo e cobrar maior ambição dos demais países, assim como recuperar a confiança das Partes após um processo decisório desgastado e em um contexto geopolítico mais desafiador”, comentou Raíssa Ferreira, do Greenpeace Brasil, ao site ((o)) eco.

Essa questão está no radar das principais lideranças políticas do governo federal envolvidas com as negociações climáticas. “O que a gente vai ter que fazer na COP30 é reconquistar a confiança no processo multilateral que foi esgarçada na COP29”, afirmou a secretária nacional de mudança do clima, Ana Toni, à Agência Brasil.

Em tempo: O “presente de Deus” tão celebrado por políticos no Azerbaijão durante a COP29 não passa de um “presente de Satanás”. A comparação religiosa é do cientista Carlos Nobre, que criticou duramente o discurso pró-combustíveis fósseis durante a última COP. Para ele, se a Humanidade seguir queimando petróleo e gás, sem se preocupar com o impacto que isso terá no clima global, isso ameaçará a sobrevivência humana na Terra. “O fato do limite de aquecimento de 1,5oC não ter sido tratado com a devida importância em Baku é definitivamente preocupante. Não perceberam que já estamos atingindo 1,5oC”, escreveu no UOL Ecoa.


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