Mundo: 2 bilhões de pessoas podem enfrentar aumento alarmante de temperatura até 2050

Relatório aponta desafios e apresenta caminhos para que as cidades criem resiliência e se adaptem às mudanças do clima.
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Voz da Terra
19 novembro 2024
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Crianças se refrescam em banheira com água no Brasil (Foto: Agência Brasil)

Redação Voz da Terra

O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) apresentou o Relatório Mundial das Cidades, publicação que destaca os desafios urgentes impostos pelas mudanças climáticas e pela rápida urbanização em todo o mundo. O documento alerta que mais de 2 bilhões de pessoas podem enfrentar um aumento adicional de pelo menos 0,5 grau Celsius na temperatura até 2040. Revela que os esforços para combater as mudanças climáticas nas áreas urbanas estão aquém da escala necessária para enfrentar os desafios crescentes.

Um tema crítico abordado no relatório é o significativo déficit de financiamento para infraestrutura urbana resiliente. As cidades necessitam de um montante estimado entre 4,5 e 5,4 trilhões de dólares por ano para desenvolver e manter sistemas resilientes ao clima, mas o financiamento atual é de apenas 831 bilhões de dólares – uma fração do necessário. Essa lacuna deixa as cidades, especialmente as populações mais vulneráveis, cada vez mais expostas a riscos.

O relatório também revela que algumas intervenções climáticas pioraram as condições para comunidades vulneráveis. Casos de “gentrificação verde”, em que iniciativas como a criação de parques deslocam famílias de baixa renda ou aumentam os valores imobiliários, destacam a necessidade de soluções climáticas mais justas e inclusivas.

Apesar dos desafios, o relatório incentiva uma mudança de perspectiva, motivando que as áreas urbanas não sejam vistas apenas como parte do problema, mas também como fundamentais para a solução.

“O conhecimento é a base da ação climática eficaz, e os insights que reunimos hoje são essenciais para moldar futuros marcos, como o próximo Relatório Especial do IPCC sobre Mudanças Climáticas e Cidades”, disse Anacláudia Rossbach, Subsecretária-geral das Nações Unidas e Diretora-executiva do ONU-Habitat, durante a coletiva de imprensa para o lançamento do relatório.

“O recém-publicado Relatório Mundial das Cidades 2024 é um testemunho da importância de integrar as realidades urbanas às discussões climáticas. À medida que nos preparamos para a COP29, estamos comprometidos em aproveitar o conhecimento para informar estratégias que ressoem tanto com os esforços locais quanto globais.”

O Relatório Mundial das Cidades defende um enfoque urbano mais forte nas estratégias climáticas, enfatizando a necessidade de alinhar a ação climática com objetivos mais amplos de desenvolvimento, incluindo melhoria dos serviços, redução da pobreza e saúde pública. Ele pede a integração de considerações climáticas em todos os setores, permitindo que as cidades façam investimentos eficazes e sustentáveis.

O documento também destaca a necessidade de que a ação climática seja participativa e liderada pelas comunidades, levando ao desenvolvimento de soluções localmente apropriadas que atendam às necessidades únicas dos residentes - especialmente em assentamentos informais e bairros de baixa renda, frequentemente marginalizados nos processos de tomada de decisão.


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