Indígenas do Acre conseguem incluir nome na língua materna em documentos

A ação resultou num alcance, em média, de 1.397 pessoas indígenas, entre Nawa e Nukini.
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Voz da Terra
8 fevereiro 2025
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Mutirão para mudança de nome para língua indígenas (Foto: Secom Acre) 

Redação Voz da Terra

Rio Branco, Acre – Indígenas da Serra do Divisor conquistaram o direito de registrar seus nomes na língua materna em documentos oficiais. 

A ação foi garantida pela Defensoria Pública da União (DPU) com apoio do Governo do Acre, assegurando que povos como os Nukini, Nawa, Poyanawa, Marubo, Katukina e Huni Kuĩ possam expressar suas identidades de forma plena.

A medida reforça a valorização das culturas indígenas e atende a uma demanda histórica dessas comunidades. Para os povos da região, a imposição de nomes em português nos registros civis representava uma perda de identidade e um apagamento cultural. Com essa decisão, a oficialização dos nomes indígenas passa a ser um direito respeitado.

"Eu nasci com um nome que carrega a força dos meus ancestrais, mas nos documentos sempre estive com um nome imposto. Agora, posso ser chamado pelo nome que me representa de verdade", afirmou Jairo Nukini, uma das lideranças que participou das articulações.

A articulação envolveu lideranças indígenas, a DPU e órgãos estaduais, promovendo reuniões e encaminhamentos que culminaram na viabilização dessa conquista. O governo estadual prestou suporte técnico e institucional para que a mudança fosse efetivada nos cartórios do Acre.

"Esse direito não é apenas sobre um nome no papel, é sobre respeito à nossa história, à nossa cultura e à nossa língua. É um passo importante para o reconhecimento de quem somos", destacou Maria Katukina, que participou do processo de consulta com as autoridades.

A decisão abre caminho para que outros povos indígenas no Brasil reivindiquem o mesmo direito. A inclusão dos nomes originais nos documentos representa um avanço na garantia da autodeterminação dos povos indígenas e no reconhecimento de suas línguas como parte fundamental de suas existências.

"Ver meu nome registrado da forma que sempre foi falado na minha aldeia é uma vitória. Isso nos dá força para continuar lutando por nossos direitos", disse Antônio Poyanawa, que comemorou a conquista com sua comunidade.


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