Redação Voz da Terra
O Ministério Público Federal (MPF) de Rondônia pediu para dois produtores rurais de Seringueiras, pararem de usar agrotóxicos perto das aldeias indígenas Puruborá. A recomendação é que eles não façam mais pulverizações, nem por avião nem no solo. Eles têm 15 dias para responder se vão seguir o pedido ou não.
O MPF investiga, desde o ano passado, denúncias de que os produtos químicos estão causando danos ambientais no Rio Manoel Correia. O uso intenso de agrotóxicos nas fazendas vizinhas à reserva Peroí – que ainda não foi demarcada – estaria matando peixes e prejudicando o meio ambiente.
Recentemente, os procuradores Gabriel Amorim e Caroline Helpa visitaram a região e ouviram os indígenas. Nove famílias Puruborá contaram que os produtos químicos afetam a saúde e que os aviões que sobrevoam a área para pulverizar causam grande preocupação.
O Instituto de Defesa Agrosilvopastoril de Rondônia (Idaron) também reconhece que o uso de agrotóxicos ali não é adequado, pois a área abriga a bacia de captação e nascentes do Rio Manoel Correia. Para o órgão, o ideal seria apostar apenas em cultivos orgânicos e na recuperação da vegetação nativa.
Reincidência
Em 2024, os indígenas relataram que os mesmos mananciais na Terra Indígena do povo Puruborá, nas proximidades da aldeia Aperoi, na cidade de Seringueiras estavam sendo afetados pelo uso de produtos químicos aplicados em grandes fazendas para o plantio, cultivo e colheita em larga escala.
Lideranças locais afirmam que houve expansão dos campos de soja entre os anos últimos dois anos, com uso de mecanização das terras e pulverização de agrotóxicos com a utilização de aeronaves. Em janeiro deste ano do ano passado, a situação teria se agravado.
O que também preocupa os indígenas são os resíduos dos adubos químicos e agrotóxicos que são escoados para os leitos dos rios e igarapés.
Danos também são previstos para a Escola Indígena Estadual de Ensino Fundamental Yawara Puruborá, a casa de farinha da Associação Indígena Maxajá, roças e moradias de populações que habitam o território há dezenas de anos.
Um relatório com fotos elaborado pelos indígenas foi encaminhado ao Governo junto com o pedido de providências pela deputada estadual Cláudia de Jesus (PT), que acompanhou o caso.