Garimpeiros ameaçam povo Paiter Suruí, na Terra Indígena Sete de Setembro

Foi identificado uma área de 78 hectares de atividade garimpeira, equivalente a 109 campos de futebol.
Compartilhe no WhatsApp
Voz da Terra
2 março 2025
0
Garimpo dentro da Terra Indígena Sete de Setembro. (Foto: Greenpeace)

Redação Voz da Terra - Garimpeiros ilegais voltaram invadir a Terra Indígena Sete de Setembro, do povo Paiter Suruí, localizada entre os municípios de Cacoal e Espigão D’Oeste, no estado de Rondônia. Possui área total de 248 mil hectares e sua maior porção (60%) está localizada no município de Rondolândia. As informações são do Greenpeace Brasil.

Através das imagens de satélite, identificamos uma área de 78 hectares de atividade garimpeira, equivalente a 109 campos de futebol. O garimpo está concentrado principalmente nas ramificações do rio Fortuninha, na região central da Terra Indígena, e nos braços do rio Fortuna, na parte nordeste do território.

É urgente e necessário que as autoridades tomem medidas de proteção ao povo Paiter Suruí, realizem ações de fiscalização e monitoramento da atividade garimpeira e promovam ações de desintrusão dos invasores.

O garimpo é um problema na TI Sete de Setembro há mais de uma década. Em 2024, o Greenpeace realizou um levantamento para denunciar o avanço do garimpo no sul do Amazonas.

A área destruída dentro da Terra Indígena era de 55 hectares, em 2022, e foi para 72,16 hectares em 2024. O povo Paiter Suruí enfrenta um crescente aumento de conflitos territoriais entre invasores e as comunidades locais, que resistem a diversas formas de pressão para a apropriação e exploração de seus recursos.

A Terra Indígena Sete de Setembro é um território rico em diamantes, ouro e cassiterita e por causa disso, tem atraído atenção de garimpeiros que têm migrado de outros estados para dentro do território indígena. 

“O garimpo dentro das Terras Indígenas causa inúmeras consequências. Além da desestruturação social, ameaças à saúde e atos de violência contra povos indígenas e comunidades tradicionais, o garimpo destrói o meio ambiente com o desmatamento e contamina, com mercúrio, os recursos hídricos, o solo, os animais e a floresta” afirma Jorge Eduardo Dantas, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil.

Dados do PRODES apontam que o desmatamento atingiu seu pico em 2021 com a perda alarmante de 1.420 hectares de vegetação. No total, mais de 5.000 ha já foram desmatados no território.

“As escavadeiras, observadas nos registros obtidos, exercem um papel devastador na abertura de novas áreas de exploração. Uma máquina dessas realiza em um dia o trabalho que cerca de três homens levariam quarenta dias para fazer”, ressalta Jorge Eduardo Dantas.

“É necessário, cada vez mais, que as autoridades possam estruturar políticas públicas robustas capazes de atender as populações amazônidas e oferecer alternativas econômicas contrárias a essa prática predatória e criminosa” , completa.

Exploração econômica e mineração em Terras Indígenas:

Recentemente, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, divulgou uma minuta de Lei Complementar como resultado das reuniões da Mesa de Conciliação do Marco Temporal. Um dos pontos mais controversos é a permissão para exploração de minerais estratégicos em Terras Indígenas.

É bastante preocupante pensar que se essa proposta for aceita, para além de ser o maior retrocesso nos direitos dos povos indígenas desde a Constituição Federal de 1988, e desrespeito ao direito de Consulta Livre, Prévia e Informada, como estabelecida pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada em lei pelo Brasil, as cenas de destruição do garimpo hoje vistas em várias Terras Indígenas, como a Sete de Setembro, serão cada vez mais frequentes e comuns.

O mapeamento dos garimpos em Terras Indígenas é realizado por meio de alertas gerados por radar e sensores ópticos, utilizando os sistemas GLAD (Global Analysis and Discovery) e RADD (Radar for Detecting Deforestation) na ferramenta interna do Greenpeace, batizada de ‘Papa Alpha’.

A acurácia dos alertas para garimpo é confirmada através das imagens de satélite dos sistemas Planet Lab e Sentinel-2.

As informações enviadas por parceiros que estiveram em áreas de garimpo dentro da Terra Indígena entre 10 e 22 de novembro de 2024 e em 22 de janeiro de 2025 reforçam os registros das imagens de satélite.

A devastação causada pelo garimpo é uma tragédia que ameaça não só as Terras Indígenas da Amazônia e seus povos, mas também o nosso futuro. A proteção desses territórios faz parte do conjunto de ações para combater a crise climática. Mais de 200 mil pessoas já se uniram à campanha “Amazônia Livre de Garimpo” para enviar uma mensagem de preservação da Amazônia.

Siga no Google News

Postar um comentário

0Comentários

Postar um comentário (0)

#buttons=(Ok, estou ciente!) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar a experiência de navegaçãoSaiba Mais
Ok, Go it!