Desmatamento e garimpo aprofundam crise socioambiental nas cidades da Amazônia

Das dez cidades com pior Índice de Progresso Social (IPS), sete estão no Pará; Amazônia Legal possui média 16% menor que a nacional.
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Voz da Terra
3 junho 2025
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Garimpo na Amazônia. (Foto: Nacho Doce - AB)

Redação Voz da TerraUm estudo recente do IPS Brasil revelou que as dez cidades com a pior qualidade de vida do Brasil estão localizadas na Amazônia Legal. O Pará, que sediará a COP-30 este ano, concentra a maioria desses municípios – sete entre os dez piores -, incluindo Jacareacanga, território ameaçado pelo garimpo ilegal e habitado pelo Povo Munduruku.

A cidade com o pior índice do país é Uiramutã (RR), que possui população predominantemente indígena e com o contingente mais jovem do Brasil, com metade dos habitantes com menos de 15 anos de idade, destacou o g1.

O Índice de Progresso Social (IPS) 2025 analisou 5.570 municípios com base em 57 indicadores, divididos em três eixos: Necessidades Humanas Básicas; Fundamentos do Bem-Estar; e Oportunidades. 

Os municípios com pior desempenho representam 19% das cidades brasileiras, mas ocupam 55% do território nacional, enquanto os melhores classificados cobrem apenas 13%. As cidades consideradas as piores pelo índice IPS têm em comum a baixa densidade populacional a distância de grandes centros urbanos, característica presente na rede de municípios amazônicos.

Como destacou o Pará Terra Boa, a Amazônia Legal, que abrange nove estados brasileiros, possui uma média de progresso social 16% menor que a média nacional, com as dez cidades com pior qualidade de vida do Brasil e três estados entre as últimas colocações. Municípios com maior desmatamento tendem a ter um progresso social ainda mais baixo.

No ranking estadual, os piores desempenhos também foram registrados na Amazônia Legal: Pará (27º lugar), Maranhão (26º) e Acre (25º) foram os últimos colocados. Os indicadores mais críticos na região incluem qualidade do meio ambiente – afetada predominantemente pelo desmatamento -, emissões de CO₂ e falta de áreas verdes urbanas. Outros problemas graves a afetar essas populações são escassez de nutrição e cuidados médicos básicos, água e saneamento, moradia precária e déficit educacional, tanto no ensino básico quanto superior.

O relatório aponta que a degradação ambiental, o garimpo ilegal, a violência e a falta de infraestrutura agravam as condições de vida na região, justamente onde a população está mais próxima da floresta. A situação contrasta com a imagem internacional do Brasil como anfitrião da COP30, pressionando o governo a enfrentar esses desafios. O estudo reforça, por fim, a desigualdade territorial no país, mostrando que as piores condições de vida estão nas áreas mais remotas e preservadas, mas também as mais vulneráveis a crimes ambientais e exclusão social.

g1, Metrópoles, SBT News, entre outros, repercutiram os números da pesquisa do IPS Brasil.

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em Inglês) alertou em estudo que a crescente demanda por minerais, especialmente ouro, tem aumentado crimes, corrupção e instabilidade, com a mineração ilegal causando desmatamento, uso de mercúrio e contaminação de ecossistemas.

Na Amazônia, grupos criminosos, incluindo facções do tráfico de drogas, dominam a produção ilegal. Na Bacia do Tapajós (PA), dois terços do ouro extraído é ilegal, e as áreas de garimpo em Terras Indígenas aumentaram 625% na última década. 

O relatório também revela tráfico humano (40% dos garimpeiros são potenciais vítimas), exploração sexual e condições de trabalho brutais (12,5 h/dia), além de problemas de saúde generalizados. 

A lavagem de dinheiro do tráfico através do ouro e a violência associada exigem ações globais urgentes, conforme assinalado pela chefe do UNODC, Angela Me. UOL, Pará Terra Boa, Jornal Grande Bahia e Revista Amazônia repercutiram o estudo.


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