Marcelo Arruda foi assassinado enquanto comemorava seu aniversário (Reuters) |
O guarda municipal e dirigente petista Marcelo Aloizio Arruda foi morto a tiros em sua festa de aniversário pelo policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, que invadiu o evento em Foz do Iguaçu aos gritos de "Aqui é Bolsonaro!", segundo informações de testemunhas à Polícia Civil do Paraná.
Ainda de acordo com boletim de ocorrência da polícia paranaense, Guaranho disparou duas vezes contra Arruda, que revidou com três tiros, mas acabou morrendo. Guaranho também morreu.
Segundo as pessoas ouvidas pela polícia, os dois não se conheciam até o momento do crime, na noite de sábado (09/07).
"Marcelo, no seu ato derradeiro e heroico, salvou inúmeras vidas, pois o fascista também ameaçava e poderia ter assassinado a todos na festa, inclusive a sua família", afirmou o PT.
Marcelo Aloizio Arruda celebrava seus 50 anos na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu em uma festa cuja decoração tinha foto de Lula e símbolos do PT. Ele era pai de quatro filhos, entre eles um bebê, e havia concorrido na eleição de 2020 ao cargo de vice-prefeito de Foz do Iguaçu.
Segundo a Polícia Civil do Paraná, Guaranho, de 38 anos, foi duas vezes ao local da festa. Na primeira, chegou aos gritos de "Aqui é Bolsonaro" enquanto a mulher e o filho pequeno aguardavam no carro.
De acordo com testemunhas presente na comemoração, Guaranho fazia provocações e ameaças de morte aos presentes enquanto sua mulher gritava do carro para irem embora dali. Eles deixaram o local em seguida.
Cerca de vinte minutos depois, no entanto, Guaranho voltou sozinho e armado ao local do aniversário. Nesse momento, a mulher de Arruda se identificou como policial civil e Arruda, como guarda municipal. Foi quando Guaranho atirou duas vezes no petista, que revidou com três tiros, segundo a Polícia Civil do Paraná. Ambos foram socorridos, mas não resistiram aos ferimentos e morreram.
Em suas redes sociais, Guaranho tinha postagens de apoio ao presidente Bolsonaro e fotos fazendo o símbolo de arma com as mãos. Lideranças do PT atribuíram o crime ao que chamaram de "discurso de ódio bolsonarista".
"Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor", escreveu o ex-presidente Lula em seu perfil no Twitter.
"Também peço compreensão e solidariedade com os familiares de José da Rocha Guaranho, que perderam um pai e um marido para um discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável."
"Basta de violência! Basta de destruição! É tempo de reconstrução e transformação do Brasil e das relações entre brasileiros e brasileiras! Vamos chorar e enterrar mais um companheiro que tombou vítima da violência política, basta!", afirmou nota assinada por Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e por Abdael Ambruster, coordenador nacional do setorial de segurança pública do PT.
O presidente Jair Bolsonaro não comentou o caso em suas redes sociais.
(BBC Brasil)