Misofonia: Por que alguns barulhos lhe incomodam tanto?

O que é Misofonia: Tratamento, causas e como controlar
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FRANCISCO COSTA
10 julho 2022
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Misofonia, hiperacusia e fonofobia (Divulgação)

 Você conhece alguém que só de ouvir pequenos sons ou ruídos do ambiente já sofre com irritação? Ou seja, quando essa pessoa ouve sons cotidianos, como a mastigação, a torneira pingando ou o barulho de uma caneta é comum que sinta uma sensação desconfortável?

Se você responder sim a essa pergunta, então saiba que você pode estar diante de alguém que sofre de misofonia. Embora seja um problema relativamente raro, trata-se de uma condição que pode atrapalhar em muito a vida das pessoas, prejudicando a saúde do corpo e da mente.

Além disso, podem durar anos ou mesmo a vida inteira, ainda mais se não for procurada a ajuda de um profissional especialista.

Nos tópicos a seguir, você encontra as principais informações sobre o que é misofonia: tratamento, causas e como controlar.

    O que é misofonia?
    Qual é a causa da misofonia
    Misofonia, hiperacusia e fonofobia
    Principais sintomas da misofonia
    Os sons que tendem a incomodar mais
    Quais são as formas de tratamento
    Como conviver com o problema

O que é misofonia?

Pode-se diz que a misofonia é uma condição que provoca uma reação negativa aos sons. Em geral, barulhos e ruídos que não incomodam as demais pessoas. Além dos exemplos já dados, outros são o som do chiclete sendo mastigado, a respiração e a digitação no teclado.

Batidas de lápis, latidos, espirros, pingos de água e outros ruídos que se repetem conseguem até mesmo levar o indivíduo a sentir pânico. É como se esses barulhos desencadeassem esses sentimentos, que podem ser apenas uma irritação, evoluir para uma angústia e chegar à fúria.

Já o termo misofonia significa a junção da palavra miso, que significa ódio, aversão, e da expressão fonia, que é relativo a som. Então, trata-se de uma aversão ao som, por isso, é tida como um problema associado à diminuição da tolerância auditiva.

Além disso, diferente de outras situações, que veremos mais adiante, a misofonia é desencadeada apenas com determinados sons, inclusive, os que são repetitivos e possuem um padrão. E mais, esse som para se tornar motivo de raiva não precisa ser alto.

A pessoa que sofre dessa enfermidade se incomoda mesmo com barulhos baixos, o problema está na repetição com a qual ela o ouve. Dessa forma, é comum que o indivíduo não consiga se concentrar até mesmo se o som estiver relativamente longe, porém, audível.

É importante deixar claro ainda que portadores de misofonia não possuem problemas de audição. Afinal, a condição é desencadeada quando certos sons provocam um efeito no cérebro, podendo assim ativar o centro das emoções.

Não é o caos sonoro que irrita quem tem essa doença, e sim, como dito, certos ruídos, mesmo que estejam baixos e distantes. É comum que pessoas com o problema até mesmo usem fones de ouvido para se protegerem dos sons que as perturbam.

Qual é a causa da misofonia

Sabe-se que a misofonia é uma doença neurológica, sendo que a irritação que os sons podem causar está no fato de que os estímulos auditivos são confundidos dentro do sistema nervoso central. Há indivíduos, inclusive, que têm uma condição semelhante, mas que afeta a visão.

Estudos conseguiram entender ainda que o desencadeamento das crises pode estar relacionado com uma ou mais experiências negativas. Isto é, acontecimentos que possuem alguma relação com os barulhos que incomodam.

Mesmo que se entenda o mecanismo de como funciona o problema, a medicina não evoluiu muito a respeito de qual é a sua causa. A razão desse mistério pode ser porque a condição foi reconhecida como doença há pouco tempo, na década de 1990.

Antes disso, a doença já existia, mas não era tida como uma enfermidade. E, mesmo que se desconheça a sua causa, entende-se que o problema pode ter origem hereditária.

Em grande parte dos casos, é na infância que a condição começa a se manifestar. Dessa forma, recomenda-se que, ao primeiro sinal de misofinia, a pessoa seja encaminhada para um especialista. Essa atitude pode tornar o tratamento mais fácil e promissor.

Misofonia, hiperacusia e fonofobia

A misofonia, às vezes, pode ser confundida com outras duas condições. São elas a hiperacusia e a fonofobia. Enquanto a primeira se refere a um problema em que os sons são percebidos de forma anormal, podendo levar à dor física, a segunda é o medo ou raiva de alguns sons.

No caso da hiperacusia, assim como da misofonia, também se trata de doença associada à redução de tolerância de som. Porém, diferente da misofonia, determinado som é insuportável para o portador da condição e não apenas intolerável. Dessa maneira, a hiperacusia é debilitante e está associada à sensibilidade a certas frequências ou volumes de som. Assim, a quem possui essa condição, parece que um barulho é muito mais alto do que é para as demais pessoas.

Já a sua causa é conhecida e tem relação com a exposição a níveis de decibéis excessivamente altos.

Enquanto isso, a fonofobia é considerada um transtorno em que o indivíduo tem medo de alguns sons ou até raiva. Há especialistas que consideram esse quadro como um caso extremo de misofonia. Por isso, esse paciente pode apresentar sintomas como ataques de pânico, crises de ansiedade, suor excessivo, estresse intenso, tonturas, enjoo, dor física sem explicação e até mesmo desmaiar.

Principais sintomas da misofonia

Como já mencionado, os sintomas de misofonia incluem reações fortes e negativas a certos barulhos. Embora se tenha observado nos últimos anos, que a maioria dos pacientes são crianças, trata-se de uma condição que pode surgir em indivíduos de todas as idades.

A doença prejudica o humor dos seus portadores, que podem apresentar raiva ou ansiedade. É comum ainda que apareçam sintomas psicológicos, como depressão. Não raro, o indivíduo pode mostrar ainda sinais de irritação e mesmo se tornar agressivo.

Por se tratar de algo bastante abstrato, além do auxílio de um especialista, o próprio paciente tem a capacidade de contribuir para o diagnóstico. No entanto, pessoas próximas, que observam as crises, também conseguem contribuir para diagnosticar a enfermidade.

Nesse caso, é fundamental que se recomende a quem sofre do problema que busque por ajuda médica especializada.

Por consequência dos sintomas da misofonia, podem surgir ainda outras reações, tais como:

    Agitação;

    Desejo de sair de onde está;

    Afastamento de determinadas atividades, que podem estar associadas aos barulhos que incomodam;

    Reação desproporcional a um simples ruído;

    Tornar-se agressivo com a fonte do barulho;

    Prejuízo das relações interpessoais.

Mesmo que não seja o mais comum, existe ainda a possibilidade de que ocorram os seguintes sintomas:

Aumento dos batimentos do coração;

Dor de cabeça;

Problemas de estômago;

Dor no maxilar.

Os sons que tendem a incomodar mais

Embora qualquer som possa desencadear uma crise no portador de misofonia, o mais frequente é que sejam os ruídos. Veja a seguir quais são os principais motivadores de irritação e outros sentimentos negativos:

Sons relacionados com a voz
Exemplos: sussurros, voz anasalada e utilização de palavras de modo repetitivo.

Sons provocados pela boca
Exemplos: mastigar, beber, bocejar, escovar os dentes e beijar.

Sons da respiração
Exemplos: respiração ruidosa, roncos e espirros.

Sons de animais
Exemplos: pássaros cantando, animais bebendo água e cachorro latindo.

Sons do ambiente
Exemplos: televisão ligada, páginas roçando, teclas do teclado e barulho do relógio.

Além disso, pode haver pessoas com intolerância a mais de um ruído.

Quais são as formas de tratamento

Assim que quaisquer sintomas aparecerem em si mesmo ou em pessoas próximas, é indiscutível a necessidade de buscar, o quanto antes, a ajuda necessária. Dessa maneira, recomenda-se consultar um otorrinolaringologista, que pode ajudar a diagnosticar o problema.

Esse médico também pode sugerir o melhor tratamento para o paciente.

Na realidade, existem diferentes abordagens para o tratamento, sendo que o ideal é aquele escolhido de acordo com as peculiaridades de cada paciente. Veja alguns exemplos a seguir:

• Terapia
Uma técnica bastante usada é a terapia, uma vez que as sessões podem ajudar a pessoa a aprender a tolerar os barulhos que a incomodam. E, assim, se torna possível ter uma vida com mais qualidade, a medida em que se consegue evitar crises de raiva ou angústia.

• Terapia de comportamento cognitivo
Entre as terapias, destaca-se a terapia de comportamento cognitivo. Nesse caso, o psicólogo trabalha a fim de fazer com que os sons, que desencadeiam os sentimentos negativos, possam fazer com que o paciente tenha outras emoções, ou seja, reações mais amenas.

• Mudanças no estilo de vida
As recomendações para o estilo de vida, que podem exigir algumas mudanças no cotidiano, conseguem evitar as crises do problema. Para tanto, é possível fazer uso de proteção auditiva, como tampões de ouvidos e mesmo aparelhos auditivos específicos.
Outra dica é criar as chamadas zonas livres de ruído, dentro de espaços de convivência. Além disso, existem alguns truques, como acrescentar outros ruídos no ambiente, a fim de disfarçar os sons que são irritantes para o portador de misofonia.

A realização de atividade física é mais um hábito indicado que pode ajudar, bem como seguir dicas para que se tenha mais qualidade de sono. Ou seja, investir na própria qualidade de vida pode ajudar a aumentar a tolerância aos sons desagradáveis.

E mais, existem grupos de apoio que podem contribuir em muito com o tratamento. Musicoterapia é mais uma técnica e pode ser útil para alguns casos de misofonia. Isso quer dizer que o indivíduo pode experimentar diferentes abordagens até encontrar a ideal para si.

No entanto, esses tratamentos possuem como foco a qualidade de vida do paciente, para que consiga viver com bem-estar, já que o problema em si não possui cura com medicamento, por exemplo.

Como conviver com o problema

Mesmo que o paciente de misofonia consiga controlar a irritação e a angústia que sente com determinados sons, como já dito, não existe cura para o problema. No entanto, as terapias e mudanças de hábitos conseguem chegar a resultados mais do que satisfatórios.

De qualquer forma, é preciso ter em mente que é possível sim evitar as crises do problema e ter uma vida normal. Essa possibilidade deve motivar os portadores do quadro, a fim de buscar tratamentos que possam contribuir com a sua melhora.

Afinal, em alguns casos, o portador de misofonia tem prejuízo das suas relações interpessoais, já que se sente perturbado com barulhos que os outros fazem. Portanto, ao não tratar a enfermidade, infelizmente, o resultado pode até mesmo chegar ao total isolamento social.

Essa situação é a mais complicada para uma pessoa com a doença.
Então, busque formas de reduzir os sentimentos ruins que determinados barulhos causam e busque um especialista hoje mesmo. Você merece qualidade de vida e bem-estar.

Para se manter bem informado sobre tudo o que está relacionado a sua saúde auditiva, não deixe de acompanhar o Centro Auditivo Viver pelas redes sociais:

O QUE É HIPERACUSIA?

A hiperacusia é uma condição caracterizada por uma maior sensibilidade a certas frequências e volumes de som. É, pois, um aumento da acuidade auditiva. Uma pessoa com hiperacusia grave tem dificuldade em tolerar sons cotidianos que podem parecer desagradáveis ou mesmo serem experimentados por ela de maneira dolorosa, mas que são suportados pelas demais pessoas como normais.

QUAIS SÃO AS CAUSAS DA HIPERACUSIA?

A hiperacusia pode ser adquirida como consequência de danos sofridos pelo ouvido interno. Em casos de traumatismos, ela também pode ser adquirida como resultado de danos ao cérebro ou ao sistema neurológico. Mais raramente, pode ser causada por um distúrbio vestibular.

A hiperacusia também pode ter origem genética ou ser causada por estresse, mau estado de saúde e respostas anormais do músculo tensor do tímpano ou músculos estapedianos, responsáveis pelos reflexos auditivos. A causa imediata mais comum de hiperacusia é a superexposição a níveis excessivamente elevados de decibéis. Algumas pessoas passam a sofrer de hiperacusia quando submetidas repentinamente a um som muito alto como o disparo de uma arma, o estouro de um pneu, o desdobrar de um airbag, etc.

O ouvido também pode ter sido hipersensibilizando por drogas, doença de Lyme, doença de Ménière, disfunção da articulação temporomandibular, lesão na cabeça ou cirurgia. Outras pessoas tiveram história de infecções de ouvido.

QUAL É O MECANISMO FISIOLÓGICO DA HIPERACUSIA?

Há especulações de que a porção eferente do nervo auditivo (parte do nervo que parte do cérebro para a cóclea) tenha sido lesionada, enquanto as células ciliadas, que captam os estímulos sonoros e permitem a audição de sons puros, permanecem intactas. Nestes casos, a hiperacusia é um problema de processamento de como o cérebro percebe o som.

A hiperacusia de origem vestibular deve-se a distúrbios da entrada nos ouvidos dos movimentos aéreos que produzem os sons.

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA HIPERACUSIA?

A hiperacusia coclear é a forma mais comum da doença e os sintomas mais comuns são dor de ouvido, desconforto e intolerância a sons que a maioria das pessoas toleram bem. Pessoas com hiperacusia coclear podem ter ataques de pânico e 86% delas também têm zumbido.

Na hiperacusia vestibular a pessoa pode sentir tonturas, náuseas ou perda de equilíbrio ante determinados sons. O grau em que cada pessoa é afetada depende não só da gravidade dos  intomas, mas também de se a pessoa pode detectar sons na faixa de frequência e no volume em questão, bem como do tônus muscular pré-existente na pessoa e da intensidade do sobressalto da resposta.

A ansiedade, o estresse e/ou a fonofobia podem estar presentes em ambos os tipos de hiperacusia. Uma pessoa com qualquer das duas formas de hiperacusia pode desenvolver comportamentos de evitação do som. Uma pessoa com hiperacusia pode reagir mesmo a níveis sonoros muito baixos, como o fechar de uma porta, o toque de telefone, o som de uma televisão, o barulho de água corrente, o tique-taque dos relógios, o som de mascar chicletes ou de cozinhar, o barulho de uma conversa normal, de comer, etc. Esses desconfortos potencialmente podem causar dor no ouvido.

COMO O MÉDICO DIAGNOSTICA A HIPERACUSIA?

Os pacientes suspeitos de sofrerem essa condição devem ser submetidos ao teste de Níveis de Desconforto de Ruído (LDL). Os LDL normais estão na faixa de 85-90 decibéis. Pacientes com hiperacusia têm uma medida bem abaixo desses níveis.

COMO O MÉDICO/FONOAUDIÓLOGO TRATA A HIPERACUSIA?

O tratamento da hiperacusia não é o silêncio, nem o uso de protetor auricular. O maior sucesso do tratamento depende do controle ou cura da sua causa. Quando isso não é possível, o controle da hiperacusia pode ser indicado e tem como objetivo diminuir o desconforto que o paciente apresenta.

Com o silêncio ou um ruído mais baixo aumenta-se a intensidade de captação de sons externos, gerando incômodo ainda maior. A maneira correta de tratar envolve a dessensibilização com o uso de aparelhos ou instrumentos que emitem um som contínuo de pouca intensidade, abaixo do nível que provoca incômodo ao paciente. Essa estimulação constante ajuda o paciente a readaptar-se aos sons provenientes da natureza, de rádios, televisões, outros aparelhos domésticos, etc.

SAIBA MAIS AQUI

(Com informações do Centro Auditivo Viver)

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