PF prende suspeito matar indígena em Rondônia

Força-tarefa para desvendar o caso foi constituída com integrantes da PF e MPF
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FRANCISCO COSTA
13 julho 2022
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Ari Uru-eu-wau-wau morto em 2020 — (Reprodução/Kanindé)


A Polícia Federal de Rondônia (PF) realizou na manhã desta quarta-feira (13), a operação "Guardião Uru", com o objetivo de fazer buscas, apreensão e realizar a prisão preventiva do principal suspeito de ter assassinado o indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau.

ARI integrava o grupo de vigilância florestal contra a exploração ilegal de madeira e invasões de seu território e era referência entre os povos indígenas. Ele foi encontrado sem vida na manhã do dia 18 de abril de 2020, na margem esquerda da rodovia estadual RO 010, km 12, que fica na cidade de Jaru, distante 293 quilômetros de Porto Velho (RO).

O corpo do indígena apresentava lesões no pescoço e cabeça. Foi a polícia civil de Jaru que iniciou as investigações que depois sugeriu que o caso fosse transferido para a Justiça Federal, pelo fato de que uma das linhas de investigação levantadas era que o motivo da morte se relacionava com divergências no tocante à venda ilegal de madeiras na reserva indígena. No dia 26 de maio de 2021, o caso foi aceito na Justiça Federal e o crime passou ser apurado pela Polícia Federal.

A PF realizou inúmeras diligências de campo, técnicas investigativas especiais, entrevistas, oitivas, interlocução com servidores que atuaram no tempo dos fatos, apreciação minuciosa de todos os elementos probatórios até então colhidos nas primeiras horas após o crime, além de contato com pessoas próximas da vítima visando compreender os últimos passos de ARI.

Todas as estratégias de ação foram definidas pela PF de Ji-Paraná e o Ministério Público Federal. As investigações apontaram que o crime teria ocorrido entre 01h e 03h da madrugada do dia 18 de abril de 2020, segundo laudo pericial e de acordo com as provas encontradas.

O CRIME

De acordo com a PF as lesões, os vestígios e as circunstâncias apontaram para a ocorrência de morte violenta.

Como o corpo não demonstrava sinais de autodefesa, uma das linhas investigativas apuradas pela Polícia Federal trata-se da hipótese de o autor do crime ter oferecido substância que, uma vez ingerida pela vítima, deixou ARI desacordado para então iniciar as agressões físicas que resultaram na sua morte e depois abandonou o corpo em outro local.

Com base nessa investigação, foi possível chegar ao possível autor do crime. O suspeito foi preso por outro crime de homicídio, ocorrido, aproximadamente oito meses após a morte de ARI. A prisão preventiva pela morte de ARI foi decretada pela 3ª Vara Federal Criminal.

Antes de concluir as investigações a PF irá fazer a reprodução simulada do crime, com objetivo de confrontar as possíveis versões para a dinâmica do crime de homicídio qualificado. A pena para este crime pode chegar até 30 anos (Art. 121, §2º, IV, do Código Penal).

O nome da operação trata-se de uma homenagem ao indígena ARI URU-EU-WAU-WAU que sempre lutou pela proteção da Terra Indígena URU-EU-WAU-WAU.


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