Homem apresentava feridas pelo corpo. (Arquivo pessoal) |
Donos de pensão do mercado Beira Rio, que fica no Centro de Cruzeiro do Sul, fizeram imagens de um morador de rua com lesões na pele e que estaria, segundo eles, agonizando com febre e dores na manhã desta segunda-feira (3).
Segundo os comerciantes, todos os pedidos de ajuda foram ignorados pelas autoridades.
A cozinheira Glória Almeida, que foi uma das denunciantes, contou que o morador de rua, que é conhecido como “bailarino”, amanheceu na calçada.
Ao longo da manhã, segundo ela, ele teve espasmos, febre e também é possível ver as lesões na pele. Ela contou que falou com alguns policiais que ficam na área e foi orientada a ligar para o Samu.
“A gente entrou em contato com o Samu e disseram que não era com eles, disseram que tinha que pegar um carro e ir pra UPA com ele, mas a gente trabalha e não pode levar. Ele tá com muita dor na perna, dei caldo pra ele e até agora não veio ninguém. Pelo o que a gente viu, a lesão é uma queimadura, que está bem inflamada devido à sujeira que ele vive. É triste, porque a gente vê a pessoa precisando de ajuda e ninguém vem ajudar”, destaca.
Como o Samu não foi até o local, os comerciantes então acionaram os bombeiros. O sargento da corporação Márcio Moraes disse que foram acionados para intervir, mas que o morador de rua se nega a ir até à unidade de saúde.
“Ele está lúcido, com um ferimento na panturrilha, que não temos como saber o que é. O ideal seria ser atendido por um médico que pudesse dar o diagnóstico”, disse.
Segundo o bombeiro, o nome do morador de rua é Mauro e ele vive em vulnerabilidade há pelo menos 15 anos. “Ele é conhecido como bailarino, porque tem um enorme talento para dança e, inclusive, já foi eleito o melhor dançarino de Cruzeiro do Sul, mas hoje infelizmente se encontra nessa situação”, disse.
A coordenação do Samu informou ao g1 que recebeu o pedido de ajuda, mas que o caso não se tratava de atendimento de urgência e emergência. Além disso, segundo o Samu, ele se negava a ir para a unidade de saúde e que não é possível fazer isso à força.
Assistência social
O aumento da população de rua em Cruzeiro do Sul após a pandemia tem sido uma preocupação das autoridades. A secretária de Assistência Social da cidade, Delcimar Leite, disse que a gestão tem corrido contra o tempo para colocar em prática o projeto aprovado que criou um grupo de trabalho para definir políticas públicas para ressocialização de pessoas que moram na rua no município.
Entre as ações que devem ser implementadas está o projeto de Moradia Primeiro, que eles estão buscando informações para iniciar a implementação, o outro é a criação de um centro de referência, para fazer o acolhimento destas pessoas e acompanhar, a outra iniciativa é buscar a capacitação para que eles possam vislumbrar vagas no mercado de trabalho.
“Nossa equipe já está sentada debatendo o processo de dispensa para a criação da casa, porque agora estamos na parte burocrática. Não estava sabendo dessa caso específico, mas vou acionar o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas)”, informou.
População de rua
Um decreto publicado em abril criou um grupo de trabalho para definir políticas públicas para ressocialização de pessoas que moram na rua no município. De acordo com um levantamento, ao todo, são 91 pessoas em situação de rua, sendo que desse número 56 são fixas, e moram de fato nas ruas, e outras 35 em rotatividade, ou seja, estão em situação de rua.
Esse aumento de pessoas em vulnerabilidade já impacta o cenário da cidade. No começo de julho, imagens registradas pela equipe da Rede Amazônica mostraram uma estrutura montada, com muitos lençóis, que formam uma espécie de parede, montando barracos. Há também roupas estendidas e muitos entulhos. Tudo isso embaixo da Ponte da União, que fica bem no Centro da cidade. (G1 Acre)