Ocupação das áreas de margens de rios dobra em três décadas, aponta estudo do MapBiomas

Áreas urbanizadas próximas de rios e córregos aumentaram 102% entre 1985 e 2020. Apesar disso, mais de 70% ainda estão preservadas.
Compartilhe no WhatsApp
FRANCISCO COSTA
27 agosto 2022
0

Moradores de Belford Roxo (RJ) foram resgatados de enchente por barcos de voluntários — (Foto: Reprodução/ TV Globo)

O Brasil perdeu mais de três milhões de hectares de superfície coberta por água em pouco mais de três décadas (1985-2020). É o que mostra um estudo publicado pelo MapBiomas. As áreas com construções e infraestruturas passaram de 61,6 mil hectares em 1985 para 121 mil hectares em 2020, um aumento de 102%.

“Este é um dado que por si só é preocupante, já que a proximidade de construções e infraestruturas urbanas pode comprometer a qualidade e aumenta a vazão da água, contribuindo para enchentes na estação chuvosa”, explica Julio Cesar Pedrassoli, coordenador da equipe de infraestrutura urbana do MapBiomas.

Pelo Código Florestal, as faixas às margens de rios, córregos e nascentes são áreas de preservação permanente, as APPs. Sua extensão é determinada pelas características dos cursos d’água, tais como a sua largura, cujos limites mínimos são de 30 metros de raio.

As APPs são áreas protegidas que tem como função ambiental preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Apesar de o número ter dobrado em quase 40 anos, mais de 70% dessas áreas ainda estão preservadas. As faixas marginais de 30 metros de corpos hídricos urbanos ocupam 422 mil hectares no país. Desse total, 300,2 mil hectares ainda não estavam urbanizados em 2020.

Segundo o MapBiomas, esses remanescentes de vegetação, ou não cobertos por áreas construídas, ainda podem ser preservados.

Capitais lideram ranking

Quase 20% das áreas urbanizadas a 30 metros no entorno de rios e córregos urbanos estão concentradas em apenas 20 municípios, sendo 11 capitais. São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus e Curitiba lideram o ranking.

O MapBiomas também fez o recorte por estados. São Paulo está no topo, seguido por Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Ceará.

“Todos [os estados] têm registrado episódios dramáticos de enchentes com enormes prejuízos humanos e financeiros, o que reforça a importância de recuperação e preservação das APPs hídricas”, alerta Júlio.

Os pesquisadores também avaliaram os municípios da Amazônia Legal (Rio Branco, Cuiabá, Belém, Boa Vista, Palmas e Manaus) e da Bacia do Paraná (Brasília/DF, Campinas/SP, Campo Grande/MS, Curitiba/PR, Goiânia/GO, Londrina/PR, Ribeirão Preto/SP, Santo André/SP, São Bernardo do Campo/SP, São Paulo/SP e Sorocaba/SP).

Nesse universo, os resultados são mais favoráveis: nele, 82% das APPs hídricas urbanas não estão ocupadas por construções ou infraestrutura, o que representa 48.924 de hectares cobertos por vegetação ou água em 2020. "Mesmo as cidades com ocupação urbana densa ainda possuem cobertura vegetal em APPs hídricas", diz a nota técnica.

Goiânia lidera a lista dos municípios com taxa de cobertura vegetal em APPs hídricas em áreas de urbanização densa, seguida por Campo Grande, Belém, Curitiba e Cuiabá. No outro extremo, as menores taxas foram encontradas em São Bernardo do Campo, Manaus, Santo André, Boa Vista e Campinas. (G1)

Siga no Google News

Postar um comentário

0Comentários

Postar um comentário (0)

#buttons=(Ok, estou ciente!) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar a experiência de navegaçãoSaiba Mais
Ok, Go it!