Duas forças políticas importantes por trás do bolsonarismo no Congresso Nacional, as bancadas ruralista e armamentista. Sob o atual governo, esses grupos ganharam destaque e poder político inédito no Legislativo e no Executivo, aproveitando o alinhamento político com Bolsonaro para aprovar medidas que beneficiaram diretamente seus interesses.
A dobradinha “boi e bala” também está sendo vista na esfera eleitoral. De acordo com o Ruralômetro, ferramenta do Repórter Brasil para avaliar o desempenho dos parlamentares em questões socioambientais, quase ⅓ da “bancada da bala” na Câmara dos Deputados recebeu doações de R$ 20 mil ou mais de empresários ligados ao agronegócio nas eleições de 2018 – votação que marcou o auge da revolta “antipolítica” que assolou o Brasil na 2a metade dos anos 2010.
A proximidade política entre ruralistas e armamentistas não é nova, mas se intensificou bastante com Bolsonaro no poder, especialmente em favor de projetos que lhes beneficiam mutuamente – e, por tabela, prejudicavam a proteção do meio ambiente e dos Direitos dos Povos Indígenas.
Outro dado curioso obtido através do Ruralômetro é a evolução patrimonial dos parlamentares do agronegócio. Parlamentares com uma atuação negativa na agenda ambiental e indígena tiveram um crescimento patrimonial médio de R$ 532 mil entre 2018 e 2022, enquanto políticos ambientalistas obtiveram um aumento médio bem menor, de R$ 74 mil. Um exemplo é o do deputado Alceu Moreira (RS), ex-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária: entre 2018 e 2022, o total de seus bens saltou de R$ 2,7 milhões para R$ 7,8 milhões.
Em tempo: Ainda sobre financiamento, Leandro Chaves mostrou no InfoAmazonia como os infratores ambientais estão buscando ampliar sua influência política por meio de doações eleitorais a candidatos ao Legislativo e ao Executivo na Amazônia. Neste ano, pelo menos 60 candidatos em oito estados amazônicos tiveram suas campanhas financiadas por pessoas multadas por desmatamento ilegal pelo IBAMA. Juntos, eles receberam R$ 1,77 milhão de 87 doadores que tiveram alguma autuação ambiental entre 2005 e 2022. Os dados foram obtidos pelo projeto Data Fixers, em parceria com a agência Fiquem Sabendo.
(ClimaInfo)