Grupo armado tortura e ameaça trabalhadores rurais em área de terra legalizada pela justiça em Rondônia

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FRANCISCO COSTA
19 setembro 2022
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Moradias das famílias foram incendiadas - (CPT)

A Comissão Pastoral da Terra de Rondônia (CPT), informou que trabalhadores rurais tiveram um final de semana de terror em Porto Velho (RO). Cerca de 48 posseiros, que reocupam o seringal do Belmont foram atacados por homens armados na manhã deste domingo (18-09-22), por volta das 2h. Os seis pistoleiros, de acordo com relatos, portavam revólver calibre 38 e fizeram vários disparos, sem ferir ninguém.

A justiça havia autorizado a posse da terra em favor dos posseiros na última sexta-feira (16). "Os pistoleiros fizeram as famílias saírem de suas casas em fila indiana, com mulheres de um lado e homens de outro, para um lugar aberto e começaram a torturá-los. Foram espancados para que apontassem quem era o “Nando”, liderança da comunidade. As crianças e os animais de estimação ficaram dentro da casa coletiva", descreveu a CPT. 

"Enquanto as torturas acontecia, um dos criminosos entrou na casa e iniciou o roubo levando celulares, documentos pessoais, carteiras, dinheiro. Os criminosos jogaram óleo diesel na parte de cima da casa para incendiá-la. Nesse momento as famílias, mesmo rendidas pelos bandidos, movidas pelo desespero ao perceberem que suas crianças estavam dentro da casa e poderiam morrer queimadas, correram para salvar seus filhos", continua o relato da Comissão Pastoral da Terra. 

"Um dos depoentes, acredita que os criminosos estavam focados em encontrar a liderança do acampamento, e não esperavam que haviam crianças, idosos e mulheres. Infelizmente, os animais, precisamente os cães de estimação que estavam na parte de cima da casa, não conseguiram ser salvos, morreram queimados".

SERINGAL BELMONT - De acordo com a Comissão, noventa famílias viviam nessa comunidade desde 2014, que fica distante cerca de três quilômetros de Porto Velho, RO.

Em dezembro de 2020, em meio a pandemia foram despejados à revelia por uma decisão judicial, mesmo havendo decreto federal proibindo despejos na pandemia. Por conta do período de isolamento da Covid-19, as famílias não tiveram acesso a informação de que havia algum processo judicial contra elas. 

As famílias foram ouvidas pelo Comissão Nacional de Direitos Humanos (CND), no dia 8 de setembro de 2022. A Justiça de Rondônia, por meio de decisão judicial foi favorável às famílias, que comprovou que a área está destinada para a União, e os moradores estão com a posse desde 2014.

Posseiros fizeram protesto no Incra cobrando reforma agrária em RO (Divulgação)

Na tarde desta segunda-feira (19-09), os posseiros tiveram estradas de acesso ao seringal Belmont bloqueada, por um grupo armado. Ao menos quatro viaturas policiais militares com efetivo armado e sem ordem de despejo judicial, expulsaram as famílias do local de conflito. 

As famílias saíram da área por volta das 14h e estão abrigados em uma comunidade próxima. 
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