Moradias das famílias foram incendiadas - (CPT) |
A justiça havia autorizado a posse da terra em favor dos posseiros na última sexta-feira (16). "Os pistoleiros fizeram as famílias saírem de suas casas em fila indiana, com mulheres de um lado e homens de outro, para um lugar aberto e começaram a torturá-los. Foram espancados para que apontassem quem era o “Nando”, liderança da comunidade. As crianças e os animais de estimação ficaram dentro da casa coletiva", descreveu a CPT.
"Enquanto as torturas acontecia, um dos criminosos entrou na casa e iniciou o roubo levando celulares, documentos pessoais, carteiras, dinheiro. Os criminosos jogaram óleo diesel na parte de cima da casa para incendiá-la. Nesse momento as famílias, mesmo rendidas pelos bandidos, movidas pelo desespero ao perceberem que suas crianças estavam dentro da casa e poderiam morrer queimadas, correram para salvar seus filhos", continua o relato da Comissão Pastoral da Terra.
"Um dos depoentes, acredita que os criminosos estavam focados em encontrar a liderança do acampamento, e não esperavam que haviam crianças, idosos e mulheres. Infelizmente, os animais, precisamente os cães de estimação que estavam na parte de cima da casa, não conseguiram ser salvos, morreram queimados".
SERINGAL BELMONT - De acordo com a Comissão, noventa famílias viviam nessa comunidade desde 2014, que fica distante cerca de três quilômetros de Porto Velho, RO.
Em dezembro de 2020, em meio a pandemia foram despejados à revelia por uma decisão judicial, mesmo havendo decreto federal proibindo despejos na pandemia. Por conta do período de isolamento da Covid-19, as famílias não tiveram acesso a informação de que havia algum processo judicial contra elas.
As famílias foram ouvidas pelo Comissão Nacional de Direitos Humanos (CND), no dia 8 de setembro de 2022. A Justiça de Rondônia, por meio de decisão judicial foi favorável às famílias, que comprovou que a área está destinada para a União, e os moradores estão com a posse desde 2014.
Posseiros fizeram protesto no Incra cobrando reforma agrária em RO (Divulgação) |