Alguns dos eleitos no 1º turno das eleições de 2022 somam passivos ambientais na casa dos milhões, e não apenas votação na mesma proporção. Um levantamento da Folha mostrou que, ao todo, foram eleitas 34 pessoas que reúnem 75 autuações ambientais aplicadas pelo IBAMA nos últimos 20 anos.
Para surpresa de ninguém, o PL de Jair Bolsonaro figura entre as siglas com o maior número de candidatos eleitos com encrenca ambiental em sua folha corrida – cinco nomes, o mesmo número do PSD e do União Brasil. A maior parte dos infratores vitoriosos (21) ocupará cadeiras nas Assembleias Legislativas estaduais; outros dez assumirão mandatos na Câmara Federal.
A relação ainda soma um senador e dois governadores e pode ficar ainda maior, já que dois candidatos disputam o 2º turno na mesma condição – entre eles, sim, Jair Bolsonaro, multado em cerca de R$ 12 mil por pesca ilegal em Angra dos Reis no ano de 2012, quando era deputado federal.
O levantamento também apontou como os infratores apostaram pesado nas eleições deste ano. Ao todo, 163 candidatos com histórico de autuação ambiental disputaram vagas no Executivo e Legislativo no 1º turno, somando mais de R$ 81 milhões. De novo, o PL bolsonarista liderou a relação, dessa vez de forma isolada, com 18 nomes.
Entre os infratores, também se destacam nomes com associação direta ou indireta ao garimpo. Ainda de acordo com a Folha, oito candidatos nessa condição foram eleitos para o Congresso Nacional neste ano, contando empresários do setor e defensores explícitos da atividade garimpeira. Nas Assembleias Legislativas, foram eleitos pelo menos dez candidatos, com 21 suplentes. A maior parte dos defensores do garimpo eleitos já ocupavam cargos legislativos. É o caso dos deputados José Medeiros (MT), vice-líder do governo Bolsonaro no Congresso e autor de um projeto de lei que libera mineração em Áreas Protegidas (APs), e Joaquim Passarinho (PA).
Alguns nomes destacados no setor fracassaram nas urnas neste ano, entre eles o ex-senador Flexa Ribeiro (PA) e os empresários Beto “Ourominas” (AP) e Rodrigo “Cataratas” (RR), ambos com histórico de acusações de exploração ilegal em Terras Indígenas. (ClimaInfo