Como Bolsonaro levou fome à Amazônia e o que Lula deve fazer para reverter o quadro

Soberania alimentar na Amazônia: o que é preciso reconstruir e onde é possível avançar? Especialistas respondem
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FRANCISCO COSTA
29 dezembro 2022
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Crianças pedindo comida (foto: Imagem Ilustrativa/Adobe Stock)

No governo de Jair Bolsonaro (PL) a fome ganhou espaço na Amazônia. No Norte brasileiro, a insegurança alimentar grave e moderada está em 54,6% dos lares de agricultores familiares, segundo a Rede Penssan, índice maior do que em qualquer outra macrorregião do país.

Lula na presidência abre perspectivas de reversão do desmonte bolsonarista das políticas de soberania alimentar na Amazônia. O novo momento político do país guarda possibilidades de avanço e limites objetivos, diante da frente ampla que deve governar o país.

O Brasil de Fato ouviu um experiente time de acadêmicos, ativistas e gestores para obter um diagnóstico aprofundado do momento - de onde viemos e para onde vamos em termos de política alimentar na Amazônia.

Os balanços e as perspectivas estão disponíveis na íntegra mais abaixo.

Todos são unânimes em afirmar que a recuperação de programas de incentivo à agricultura familiar, desmontados por Bolsonaro, é uma das primeiras soluções à vista. E que é preciso estender a pequenos produtores os incentivos dados ao agronegócio.

Desfazer a hegemonia do agronegócio no campo, porém, dependerá mais da luta popular do que governo, que é comprometido a combater a fome, mas permeável aos interesses do agronegócio, setor que representa um entrave à conquista da soberania alimentar.

A promoção pelo Estado da segurança e soberania alimentar dos povos amazônicos deve respeitar as diversidades regionais das populações que habitam uma floresta com proporções continentais.

Além da fome, um problema grave é a introdução de ultraprocessados nas dietas de comunidades indígenas e ribeirinhas. A solução passa necessariamente pelo incentivo à agroecologia e ao resgate dos modos tradicionais de alimentação, mais saudáveis e ambientalmente sustentáveis.

Outro ponto que une os três nomes ouvidos pela reportagem é que não é possível combater o desmatamento e a insegurança climática que assola o planeta sem garantir comida no prato dos povos da floresta.

Para tanto, é preciso proteger e regularizar territórios tradicionais, já que o aumento das invasões em áreas protegidas desorganiza as cadeias produtivas e coloca em risco as vidas dos responsáveis pela produção de alimentos.

Como Bolsonaro levou fome à Amazônia e o que Lula deve fazer para reverter o quadro? Veja o que diz cada um dos entrevistados.



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