Alessandra Sampaio, viúva de Dom Philips, faz um relato emocionante sobre a morte e o futuro

“A gente acha que é só um probleminha de um pescador que matou o Dom e o Bruno, mas não é isso, é uma coisa grandiosa”
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FRANCISCO COSTA
26 janeiro 2023
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Alessandra Sampaio, viúva de Dom Philips (O Povo)

Sete meses passaram desde os assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips, em uma comunidade ribeirinha da região do rio Itacoaí, do município de Atalaia do Norte, na divisa com a Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas, no dia 5 de junho de 2022. 

As audiências de instrução que antecedem o julgamento dos três acusados que estão presos em Manaus e devem ir à júri popular estavam confirmadas para acontecer ainda em janeiro deste mês, mas foram subitamente adiadas para março ​​devido à indisponibilidade de salas para que os presos acompanhassem as audiências e por “falhas na comunicação”, segundo justificou o juiz Fabiano Verli.

Em julho de 2022, o Ministério Público Federal (MPF) acusou cada um dos envolvidos por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver em um dos dois inquéritos abertos para investigar os detalhes dos crimes e a participação. São eles: Amarildo da Costa Oliveira (o “Pelado”) – assassino confesso das vítimas –, seu irmão, Oseney da Costa Oliveira (o “Dos Santos”), e Jefferson da Silva Lima (o “Pelado da Dinha”). Os três estão presos.

Até então a denúncia havia descartado um mandante para o crime, mas o caso teve uma reviravolta quando foi confirmado que Ruben da Silva Villar, o ‘Colômbia’ foi o mandante. Segundo o superintendente da PF no Amazonas, Eduardo Fontes, em coletiva na segunda-feira (23), ‘Colômbia’ conversou nas vésperas e depois do crime com os assassinos.

Enquanto os trâmites legais se desdobram aos poucos e aos trancos, Alessandra Sampaio, viúva de Dom Philips, reconstrói a vida e a rotina disposta a preservar o legado do marido. Ainda não há nada concreto, a não ser a certeza de que precisa ser algo que tenha a cara dele. “Quero fazer algo com a cara do Dom, o menos vaidoso possível e com objetivo.”

Alessandra, que afirmou conhecer a Amazônia somente por meio dos relatos e do olhar de Dom, agora traça sua própria jornada para se aproximar da região e da floresta. “Tudo o que tenho feito é estudado e lido. É como se eu estivesse voltando para a faculdade”, disse Alessandra, em entrevista à Amazônia Real.

Enquanto mergulha no tema, Alessandra Sampaio espera pelo julgamento dos algozes de Bruno e Dom. Ela, que se frustrou com a denúncia inicial  do MPF por não ter apontado um mandante para o crime e também não o considerou como premeditado, afirmou que a justiça só será considerada como feita quando os povos indígenas e seus territórios estiverem de fato protegidos. 

“A justiça será feita mesmo quando os povos da floresta forem respeitados, quando as demarcações estiverem funcionando, quando tiver fiscalização e quando essas populações não-indígenas não estiverem tão à mercê da miséria”, afirma. 

Amazônia Real entrevistou Alessandra Sampaio em dezembro do ano passado, pouco antes do Natal. Na conversa online, ela conta como tem passado os dias desde a morte do companheiro, quais são os planos para o futuro e suas expectativas para o julgamento. A aliança de casamento Dom continua pendurada em seu pescoço e uma nova tatuagem com a frase, “Amazônia, sua linda”, a última que Dom publicou em suas redes sociais cinco dias antes de desaparecer, não é descartada.

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