Brasileiros enfrentam bloqueios em estradas e ameaças no Peru

Os conflitos políticos já registraram mortes desde o ano passado. Os turistas estão com medo de que os carro sejam destruídos e a situação piore.
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FRANCISCO COSTA
10 janeiro 2023
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Manifestantes pedem antecipação das eleições para 2023 no Peru, em Ica, em 6 de janeiro de 2023. (Foto: Martin Mejia/ AP)

Um grupo de aproximadamente 20 moradores de Porto Velho, Rondônia e do Acre estão impedidos de continuar viagem no Peru, país vizinho ao Brasil. De acordo com relatos do estudante de medicina Matheus Vanjura o grupo é formado por crianças e idosos que estão quase uma semana aguardando liberação de uma rodovia para chegar aos seus destinos. 

Os viajantes estão ficando sem água, alimentos, não existe banheiro no local e dormem dentro dos carros. Também enfrentam sol quente, frio e chuva. Os brasileiros estavam visitando regiões na região da Cordilheira dos Andes quando foram parados pela polícia peruana e impedidos de seguir viagem. O medo é de que ocorra um conflito armado, inclusive já houve ameaças de incendiar e destruir os carros dos turistas. 

Segundo os brasileiros, já houve pedido de ajuda da Embaixada do Brasil no Peru, mas ainda continuam sem respostas. No vilarejo onde os brasileiros estão existe uma fileira com mais de 5 quilômetros de carros parados, já que todas as vias estão bloqueadas e o comércio local foi fechado, moradores próximos abandonaram suas casas.

PROTESTOS - As manifestações no Peru que começaram no início de dezembro passado contra a destituição de Pedro Castillo da presidência, após ele tentar dar um golpe de estado e já somam 46 mortos. Os protestos pedem, principalmente: a antecipação das eleições gerais; a renúncia de Boluarte; o fechamento do Congresso.

Na segunda-feira, 09, dezessete pessoas morreram em confrontos com policiais na cidade de Juliaca, em Puno. Além disso, uma recém-nascida morreu porque não pôde ser levada a um hospital já que a estrada foi bloqueada pelos protestos.

As manifestações ganharam novo fôlego na última quarta-feira, após uma trégua parcial nas férias de final de ano.

O governo culpou os manifestantes pela violência em Puno. O primeiro-ministro do país, Alberto Otárola, afirmou em mensagem televisionada que "mais de 9.000 pessoas se aproximaram do aeroporto e 2.000 dessas pessoas iniciaram um ataque total contra a polícia (...) lamento." Outros ministros acompanharam Otárola no pronunciamento, com a notável ausência de Boluarte.

Até agora, 46 vítimas foram contabilizadas no contexto dos protestos: 39 no confronto com as forças de ordem e outras sete devido a acidentes de trânsito ou em eventos ligados a bloqueios de estradas.

Boluarte assumiu o governo depois que Castillo, que era presidente desde 2021, foi destituído pelo Congresso após tentar dissolver esse poder estatal com uma mensagem de televisão em 7 de dezembro.

A atual presidente foi vice-presidente de Castillo e foi eleita na mesma lista de seu antecessor. O Parlamento a empossou no mesmo dia da demissão de Castillo como seu sucessor constitucional.

Castillo foi preso quando estava em um veículo com sua comitiva em uma avenida no centro de Lima. Segundo o Ministério Público, ele se dirigia à embaixada mexicana para pedir asilo político.

Em Juliaca, o protesto se intensificou desde sexta-feira, quando centenas de manifestantes tentaram tomar o aeroporto, mas foram impedidos pela polícia. O aeroporto de Juliaca mantém a suspensão de suas operações.

Os mortos nos confrontos eram jovens entre 21 e 35 anos, além de um menor de 17 anos, segundo os registros da Direção de Saúde de Puno. Três pessoas de 38, 50 e 55 anos também morreram. Quatro vítimas ainda não foram identificadas.

Um dos mortos era um jovem médico, Marco Samilán Sanga, 29 anos, que, segundo a Federação Peruana de Estudantes de Medicina Humana, morreu devido a disparos de pellets enquanto tratava dos feridos no confronto.

No final da tarde de segunda-feira, a Ouvidoria da República informou sobre mobilizações, greves e bloqueios de estradas em 25 províncias.

Em comunicado, o Provedor de Justiça lembrou às Forças Armadas e à Polícia que "têm o dever de cumprir a regulamentação em vigor e as normas internacionais sobre o uso da força", e que o Ministério Público "deve realizar as investigações necessárias para identificar os responsáveis ​​pelos a perda de vidas humanas (...) a fim de evitar todas as formas de impunidade”. (Com informações do G1)

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