Liga dos Camponeses Pobres confirma morte de trabalhador rural em área de conflito agrário em Rondônia

Conflitos pela posse de terra acontecem em Rondônia envolvendo os mesmos latifundiários e invasores
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FRANCISCO COSTA
19 janeiro 2023
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Patrick Gasparini Cardoso de codinome "Cacheado" foi encontrado sem vida (Divulgação)

A Liga dos Camponeses Pobres da Amazônia Ocidental (LCP), que defende a luta pela reforma agrária, confirmou a morte de um dos integrantes do movimento.

No relato da LCP, no dia 4 de janeiro de 2023, houve um tiroteio na região do Distrito de Nova Mutum Paraná que fica na zona rural de Porto Velho, RO, na fazenda NorBrasil de propriedade de Antônio Martins dos Santos, conhecido como "Galo Velho".

No conflito um policial militar da reserva foi baleado na perna. O uso de militares para escolta de fazendas é chamado de milícia e pistolagem pela LCP.

No mesmo dia do conflito, o corpo de Patrick Gasparini Cardoso de codinome "Cacheado", foi encontrado na região em uma estrada carroçável. Ele fazia parte do acampamento Tiago Capim dos Santos e foi morto com tiros de fuzil.

Segundo a LCP, Patrick foi morto em um local e o corpo dele foi removido para outra área.

A Liga relembra outros crimes que também ocorreram em territórios de conflito pela posse de terra. Em outubro de 2021, os camponeses Gedeon José Duque e Rafael Gasparini Tedesco, lideranças da LCP, foram assassinados por comandos especiais da Policia Militar durante uma operação militar intitulada “Nova Mutum”.

Dois meses antes do assassinato de Gedeon e Rafael, no dia 13 de agosto de 2021, os camponeses Amarildo, Amaral e Kevin, foram covardemente assassinados enquanto trabalhavam em seu lote na área Ademar Ferreira.

Em um manifesto publicado numa rede social, a LCP diz que "tudo isso foi feito com a cobertura e direção direta do governador de Rondônia, marionete dos latifundiários, Coronel Marcos Rocha, que enche a boca para chamar os camponeses de criminosos, mas não diz uma palavra sobre seus próprios crimes, sob os crimes da polícia sob seu comando, e os mais que conhecidos crimes do latifundiários ladrões de terras públicas da União".

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MEMÓRIA

Na semana do conflito, durante entrevista para TV Rondônia (Rede Amazônica), o governador reeleito, Marcos Rocha (UB), criminalizou os movimentos sociais, mesma tática usada pelos ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), para desacreditar defensores da reforma agrária. “A gente tem que combater uma organização criminosa que existe por parte dessas ações. Não é um movimento social, são criminosos que existem e que muitas vezes utilizam a fachada de movimento social”.

Rocha defende apenas a regularização fundiária como medida para paz no campo. “Com regularização fundiária, a gente encerrada o problema de queimada ilegal, porque todos terão o documento. A gente consegue acabar com o conflito agrário e com essas mortes”.

Segundo informações da Comissão Pastoral da Terra, até o primeiro semestre de 2022, cerca de 15 pessoas foram mortas em conflitos agrários em Rondônia.

HISTÓRICO

Em 2021, outras mortes aconteceram na mesma região. O tenente da reserva José Figueiredo Sobrinho e o sargento Márcio Rodrigues da Silva estavam pescando quando foram abordados e mortos.

Naquele ano o Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu a reintegração de posse pelo o governo de Rondônia que usou estrutura da Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec), com reforço e apoio da Força Nacional.

Em 17 de novembro de 2022, uma operação da Polícia Federal (PF) desarticulou uma milícia rural composta por policiais civis e militares, envolvida em grande parte dos assassinatos de lideranças sem-terra em Rondônia.

Foram cumpridos 32 mandados de prisão, cinco de busca e apreensão e um de afastamento de função pública. Os nomes dos detidos não foram divulgados pela PF. A operação da PF deflagrada neste mês confirma as denúncias feitas por movimentos populares do campo, que preveem um período de relativa diminuição da violência, pelo menos até a milícia se organizar novamente.

Segundo informações divulgadas com base em inquérito da PF, "Galo Velho" seria líder de um esquema de invasão e grilagem de terras públicas, com uso frequente da pistolagem que movimenta milhões de reais.

"Galo Velho" já foi preso sob essas suspeitas em 2020, mas hoje vive uma vida confortável em Brasília. Com os sigilos bancários quebrados, os investigadores descobriram que a milícia movimentou R$ 450 milhões.

O valor é quase 30 vezes maior do que o orçamento da Polícia Militar (PM) de Rondônia para 2022. A quantia espantou até mesmo quem acompanha de perto as ações violentas da milícia.

A defesa de Antônio Martins dos Santos, conhecido como "Galo Velho" não foi localizada, mas podem entrar em contato pelo e-mail: fscneto@gmail.com

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