Organização internacional pede segurança dos jornalistas na cobertura das próximas mobilizações golpistas

Pelo menos 15 jornalistas foram agredidos quando cobriam a invasão e saque do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal
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FRANCISCO COSTA
16 janeiro 2023
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Soldados desmontam acampamento de apoiadores do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro montado em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, em 9 de janeiro de 2023. (MAURO PIMENTEL /AFP)

Desde o ataque às instituições democráticas em Brasília no dia 8 de janeiro, pelo menos 35 jornalistas já foram agredidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em todo o Brasil. Diante da convocação de novos atos, a Repórteres sem Fronteiras (RSF) pede ao governo federal que zele pela garantia da segurança dos trabalhadores da imprensa pela polícia

O balanço das agressões contra jornalistas não pára de crescer desde o ataque contra as três instituições democráticas mais importantes do Brasil, no último domingo, dia 8 de janeiro. Pelo menos 15 jornalistas foram agredidos quando cobriam a invasão e saque do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal por apoiadores do ex-presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro. Desde então, ao menos 20 outros episódios de violência contra a imprensa foram registrados, em diferentes estados, por ocasião das operações de desmantelamento dos acampamentos golpistas.

"É urgente que os governadores dos 27 estados brasileiros dêem instruções claras para suas polícias garantirem a segurança dos jornalistas que cobrirão os próximos atos convocados pelos apoiadores do ex-presidente. As cenas de passividade da polícia durante agressões de jornalistas por militantes bolsonaristas em Brasília no dia 8 não podem se repetir", disse Artur Romeu, Diretor do escritório da Repórteres sem Fronteiras (RSF) para a América Latina

O pedido já havia sido apresentado ao ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, por ocasião de uma reunião, no dia 9 de janeiro, com jornalistas agredidos e entidades de defesa da liberdade de imprensa, entre elas a RSF. 

Desde o término das eleições em outubro e a véspera da invasão dos golpistas a Brasília, ao menos 78 casos de ataque já haviam sido identificados pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), entre hostilizações, agressões físicas, ameaças, destruição de equipamentos e atentados à sede de dois meios de comunicação.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, repudiou a violência contra a imprensa, reafirmou o compromisso do governo Lula com a liberdade jornalística e se comprometeu com a priorização da identificação dos responsáveis pelos ataques. Uma operação especial será estabelecida pela Polícia Civil do Distrito Federal para ouvir os jornalistas agredidos em Brasília. O ministro afirmou que este tipo de conduta não pode ser tolerado e que o novo governo vai trabalhar para transformar o clima de hostilidade contra a imprensa que perdurou no governo Bolsonaro. 

Depois de quatro anos de um governo abertamente hostil em relação à imprensa, a reunião emergencial convocada pelo governo Lula pode ser considerada um avanço na relação das autoridades brasileiras com os jornalistas.

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