Policiais investigam relação entre prostituição de menores e garimpo Yanomami

A exploração sexual no garimpo se evidenciou durante a crise humanitária enfrentada pelos povos indígenas.
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FRANCISCO COSTA
20 março 2023
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Garimpo em território Yanomami (Folha de São Paulo

A Polícia Federal (PF) realizou a Operação Palácios, prendendo suspeitos de envolvimento em uma organização criminosa que recrutaria mulheres e adolescentes para exploração sexual nos garimpos da Terra Yanomami, em Roraima. Os agentes executaram quatro mandados de busca e apreensão e outros quatro de prisão temporária, todos em Boa Vista.

As prisões aconteceram no âmbito das investigações iniciadas na semana passada, depois de policiais federais resgatarem uma adolescente de 15 anos dentro do território Yanomami. Ela relatou ter sido aliciada pelos criminosos com promessas de trabalhar como cozinheira para os garimpeiros, mas depois foi forçada a se prostituir em cabarés.

Entre os detidos pela PF, estão duas irmãs – Francisca de Fátima Guimarães Gomes (40 anos) e Marilene Guimarães Gomes (44). De acordo com a PF, Francisca e mais uma comparsa, de nome Thaliny Nascimento, recrutavam as vítimas por meio de perfis falsos nas redes sociais, onde as abordavam com promessas de oportunidades de emprego com salários irreais. As informações são do g1O GloboUOL e VEJA também repercutiram a operação.

O caso de exploração sexual por garimpeiros na Terra Yanomami evidenciou que mesmo as ações de repressão do governo federal, realizadas desde o final de janeiro, não foram suficientes por ora para interromper as ilegalidades dentro do território. A situação poderia ser mais simples se as autoridades não tivessem se omitido nos últimos anos sobre a presença de invasores e criminosos na reserva indígena.

Agência Pública mostrou que o Ministério da Justiça na gestão do ex-ministro (hoje presidiário) Anderson Torres chegou a elaborar um “plano estratégico” para apoiar ações de saúde pública dentro da Terra Yanomami. No documento, elaborado no final de 2021 pela Secretaria de Operações Integradas (SEOPI), o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro reconheceu que sabia dos casos de desnutrição e mortalidade infantil nas aldeias Yanomami. No entanto, pouco ou nada daquilo planejado foi executado.

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