Área desmatada registrada pelos próprios karipunas em janeiro de 2023. (InfoAmazônia) |
O projeto para reconstrução da rodovia, que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM), foi retomado pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e é apontado como um dos principais fatores do aumento do desmatamento da floresta amazônica.
Até 2015, a Terra Indígena Karipuna era exemplo de preservação na Amazônia. O povo, que quase foi dizimado na década de 1970 após um primeiro contato desastroso com não indígenas, viveu até então sem registros de grandes desmatamentos. Realidade que mudou drasticamente nos últimos anos.
Do desmatamento praticamente zero até 2015, a TI Karipuna se tornou a quarta mais desmatada em toda aa Amazônia em 2022. Lideranças Karipuna denunciam que novas ofensivas dos invasores impõem medo e terror à comunidade, que agora está confinada em uma área restrita do seu próprio território, com dificuldades para acessar regiões de coleta de castanha e açaí, e vendo dia a dia redução na oferta de pescado e caça.
O desmatamento no território Karipuna está associado ao comércio ilegal de madeira nobre que utiliza serrarias legalizadas nos distritos vizinhos à terra indígena, onde ocorre o processo de esquentamento da madeirada roubada, segundo as investigações da Polícia Federal.
Desde 2015, essa rede criminosa já destruiu 6 mil hectares de floresta preservada no território. O ano de 2022 foi o mais devastador: ao longo de nove meses, a terra indígena esteve entre as 10 mais desmatadas da Amazônia, segundo destaca o relatório Observatório da BR-319 (OBR-319), publicado nesta terça-feira, 28: “Desmatamento e focos de calor na área de influência da rodovia BR-319”.