Deputados aprovam CPI das reservas ambientais de Rondônia

A exclusão das áreas protegidas desmatará florestas para pasto e soja, destruindo fauna e ameaçando povos tradicionais.
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FRANCISCO COSTA
13 abril 2023
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Desmatamento flagrado na Resex Jaci-Paraná, em Rondônia. (Foto: Divulgação / WWF)

Os deputados estaduais de Rondônia, que fazem parte da bancada ruralista e apoiadores do agronegócio, criaram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que analisará a instalação de onze unidades de conservação criadas em março de 2018, pelo ex-governador Confúcio Moura (MDB). As unidades juntas, somam mais de 500 mil hectares de proteção na Amazônia. As novas áreas protegidas são compostas por 2 parques estaduais, 2 estações ecológicas, uma área de proteção ambiental, uma floresta estadual, uma reserva de fauna e 4 reservas do desenvolvimento sustentável.

As áreas abrigam nascentes de rios importantes, uma grande diversidade de fauna e flora. Algumas delas foram consideradas prioritárias para conservação, uma vez que são ameaçadas pela pressão antrópica, com assentamentos irregulares e invasões. Seis das novas unidades de conservação estão inclusive localizadas na capital do estado, Porto Velho, onde há maior concentração urbana no estado.

Um dos destaques é a Estação Ecológica Umirizal, que protegerá uma espécie rara de vegetação conhecida como umiri, um tipo de Cerrado alagadiço, a única amostra existente em Rondônia, onde 98,8% do território é Amazônia.

A Estação Ecológica Soldado da Borracha, nos municípios de Porto Velho e Cujubim, é a maior entre as recém-criadas, com 178 mil hectares de extensão. A menor delas é o Parque Estadual Abaitará com 152 hectares, localizado no município de Pimenta Bueno. O outro parque estadual, Ilha das Flores, possui cerca de 89 mil hectares e está situado no município de Alta Floresta D'Oeste.

A CPI - Uma reunião na tarde desta quarta-feira(12), no Plenarinho, da Assembleia Legislativa de Rondônia, marcou a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigará a criação de onze unidades de conservação em Rondônia.

No encontro estavam presentes os deputados estaduais: Alan Queiroz (Podemos), Pedro Fernandes (PTB), Jean Oliveira (MDB) e Alex Redano (Republicanos). De forma remota participaram também os parlamentares Lucas Torres (PP) e Cirone Deiró (Podemos).

A abertura dos trabalhos ficou a cargo do deputado Pedro Fernandes que explicou o motivo da reunião. Em seguida, foi feita a escolha dos membros da CPI, que tem a seguinte composição: Alex Redano (Presidente), Jean Oliveira (vice-presidente) e Pedro Fernandes(Relator). Foi definida que a próxima reunião da Comissão, será no dia 19 de abril, no mesmo horário.

Após ser escolhido como presidente da CPI, o deputado Alex Redano conduziu os trabalhos do grupo. Ele disse que há um projeto para que a CPI tenha suplentes, pois, no momento, só é permitida a participação de cinco membros. Por isso, haverá uma mudança no regimento da comissão.

Alex Redano declarou que as onze unidades de conservação foram criadas na calada da noite e afetaram muitas famílias. Ele lembrou que tentou suspender o decreto que instituiu essas áreas. Juntas, elas possuem uma extensão três vezes maior que o município de São Paulo. Isso ocorreu na época do ex-governador e hoje senador Confúcio Moura (MDB), em 2018.

“Quando apresentaram essa ideia eu, como deputado estadual, apresentei uma emenda contra a criação de reserva por decreto. Da noite para o dia, apareceram onze decretos sem se observar os critérios técnicos, como fazer audiências ou indenizar famílias. Pessoas que estão há 20 ou 30 anos na área e com títulos de propriedade, de uma hora para outra, veem as terras se tornarem reservas ambientais. Isso tem tirado o sono das famílias”, lamentou.

Global Pharma - Outro ponto abordado por Alex Redano foram denúncias que chegaram ao deputado sobre a empresa Global Pharma, que trabalha com mercado de carbono e estaria atuando em Rondônia. Ela teria investido R$ 50 milhões e perspectiva de lucrar R$ 80 bilhões em 30 anos em nosso Estado.

“A comissão investigará os processos administrativos, que cuidam dos estudos técnicos prévios previstos na legislação. Eles são necessários para a criação de unidades de conservação. São muitas as denúncias recebidas em nosso gabinete, dando conta de vícios insanáveis”, declarou.

O vice-presidente da CPI, deputado Jean Oliveira, reforçou que essas unidades de conservação foram criadas sem embasamento técnico. Para ele, a comissão é uma oportunidade de se rever todo esse processo de criação que envolve áreas onde as características originais foram alteradas (antropizadas).

“Foi feito a grosso modo, sem nenhuma técnica e em áreas que estão antropizadas. Nosso objetivo agora, é saber onde teve o erro e sanar de uma só vez esse problema que assola os moradores dessas terras que estão lá há mais de 30 anos. O caminho que o estado está tomando é na contramão, pois tem áreas que não estão antropizadas. Essas, sim, podem se tornar reservas”, declarou.

Criação da Comissão Parlamentar de Inquérito das reservas ambientais de Rondônia (AleRO)

Os estudos para criação das áreas protegidas foram realizados pela Sedam, através Coordenadoria de Unidades de Conservação, e financiados pelo Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) e pelo governo estadual.

Veja quais foram as 11 unidades de conservação recém-criadas em Rondônia:

Área de Proteção Ambiental do Rio Pardo, no município de Porto Velho, com 113.850 hectares.

Floresta Estadual do Rio Pardo, no município de Porto Velho, com 30.815 hectares

Estação Ecológica Umirizal, no município de Porto Velho, com 59.897 hectares

Reserva de Fauna Pau D'Óleo, no município de São Francisco do Guaporé, com 10.463 hectares

Parque Estadual Abaitará, no município de Pimenta Bueno, com 152 hectares

Parque Estadual Ilha das Flores, no município de Alta Floresta D'Oeste, com 89.617 hectares

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Rio Machado, no município de Porto Velho, com 9.205 hectares

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Limoeiro, no município de São Francisco do Guaporé, com 18.837 hectares

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Serra Grande, no município de Costa Marques, com 23.180 hectares

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Bom Jardim, no município de Porto Velho, com 1.678 hectares

Estação Ecológica Soldado da Borracha, nos municípios de Porto Velho e Cujubim, com 178.948 mil hectares


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