Polícia identifica acusados de disparar tiros contra jornal em Rondônia

Suspeito de atacar jornal foi identificado e responde por outros crimes
Compartilhe no WhatsApp
FRANCISCO COSTA
2 agosto 2023
0

Momento que o atirador dispara contra redação do jornal (Divulgação - Rondoniaovivo)

Para combater crimes contra a imprensa de Rondônia, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de Rondônia e a Polícia Federal, realizaram na manhã desta quarta-feira (02-08-23), a Operação Tango, com o objetivo cumprir medidas cautelares de busca e apreensão deferidas pelo Juízo de Direito da 4ª Vara Criminal da Comarca de Porto Velho (RO), visando instruir inquérito policial instaurado para apurar crimes de porte ilegal de arma de fogo, disparo ilegal de arma de fogo, ameaça e dano qualificado, tipificados nos arts. 14 e 15 da Lei n° 10.826/2003 c/c arts. 147 e 163, parágrafo único, inciso I, ambos do Código Penal.

A investigação foi iniciada na Polícia Civil em novembro de 2022, após um atentado contra o jornal eletrônico Rondoniaovivo, cuja sede foi alvejada com 19 (dezenove) disparos de arma de fogo calibre 9mm, na madrugada do dia 12/11/2022. Após, o inquérito foi repassado para a Polícia Federal, que avançou no trabalho em parceria com o GAECO.

Descobriu-se, então, que o atentado fora executado por dois homens, que findaram identificados durante a investigação. Apurou-se também que a possível motivação do crime seria política, em virtude de matérias jornalísticas veiculadas pelo portal de notícias criticando os protestos realizados por pessoas inconformadas com o resultado das eleições presidenciais 2022, como, por exemplo, a obstrução de rodovias e aglomeração em frente aos quartéis do Exército no Estado de Rondônia.

Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em Porto Velho/RO visando arrecadar documentos, informações, armas, objetos, outras provas e elementos de informação para instruir a investigação, podendo levar à arma do crime e eventuais partícipes ainda não identificados.

As penas privativas de liberdade previstas para os crimes investigados, somadas, chegam a 11 (onze) anos e 06 (seis) meses, sem prejuízo de outros delitos eventualmente apurados em desdobramento das diligências realizadas nesta data. Com os suspeitos foram apreendidos duas armas de fogo e cerca de 600 munições.

O nome da operação é referência à rua Buenos Aires, que foi uma das rotas utilizada pelos executores do ataque para se aproximar do local do crime.

Esta é a terceira operação deflagrada em Rondônia com a participação ativa do GAECO em repressão aos denominados “atos antidemocráticos”, sendo que, em pelo menos uma delas, a Eleutéria 1ª Fase, os envolvidos já foram sentenciados e condenados pelo Juízo de Direito da Vara Criminal da Comarca de Colorado do Oeste.

O suspeito de disparar tiros foi identificado como Evandro Caetano de Brito (Rondoniaovivo)

O SUSPEITO - Evandro Caetano de Brito, de idade ainda não revelada, foi alvo de mandado de busca e apreensão nas primeiras horas desta quarta-feira (2), em Porto Velho, como principal suspeito de efetuar os 19 tiros na sede do Rondoniaovivo, localizada no Bairro Embratel, na madrugada de 19 de novembro do ano passado.

No inquérito foi pedida sua prisão, porém só foi autorizada o MBA pela Justiça Federal de Rondônia. Após longa investigação dos agentes federais que contaram com informações de inteligência, encontraram os indícios dele ter sido o homem que aparece nas imagens de jaqueta e bonés pretos e faz os disparos em direção ao prédio. Em parte da investigação, foi detectado que o celular do acusado estava no local do ataque, no horário correspondente.

QUEM É - Segundo informações repassadas ao jornal eletrônico, Evandro é conhecido no mundo policial como X9, ‘ou seja, é informante/cagueta’. Faz serviço ilegal de segurança armada. Foi preso recentemente fazendo bico numa confeitaria na avenida Calama com arma sem registro. Saiu da cadeia no mesmo dia, pagando uma fiança de apenas 800 reais.

Também já foi acusado de se vestir de Policial, tendo até participado de treinamentos. Tem ligação com a Assfapom Associação dos Praças e Familiares da PM e BM RO, onde teria sido assessor de um deputado estadual. No período eleitoral se definia com Bolsonarista, defensor da Pátria, Deus e Família.

ANTIDEMOCRATICOS - A motivação do ataque, também de acordo com informações colhidas com pessoas ligadas à investigação, seria a linha editorial que o Rondoniaovivo adotou em relação às manifestações de bolsonaristas radicais em frente ao quartel da então 17ª Brigada de Infantaria de Selva (BIS), no Centro da capital de Rondônia.

Em abril deste ano, Evandro foi preso em frente a uma famosa doceria de chocolates, localizada no Bairro Embratel. Ele fazia segurança como falso policial e portava uma pistola .40. O homem já foi assessor de um ex-deputado estadual.

“Além de andar com policiais, ter trejeitos de policial e conviver com eles, ainda era ligado a uma instituição que dá apoio a militares. Sem contar que eventualmente andava fardado”, comentou uma fonte do Rondoniaovivo.

Ainda de acordo com agentes federais ligados à investigação, Evandro Caetano teria desativado seu perfil no Facebook no período do ataque ao Rondoniaovivo. Além disso, foi detectado que na madrugada do dia 12 de novembro do ano passado, o seu telefone celular estava na região próxima ao prédio que foi alvo do atentado.

Até o momento, a defesa de Evandro Caetano de Brito não se pronunciou sobre a prisão dele. Caso o faça, garantimos o espaço e a atualização deste texto. (Com informações do Rondoniaovivo)

Armas e munições foram encontradas com os suspeitos (Divulgação PF)



Siga no Google News

Postar um comentário

0Comentários

Postar um comentário (0)

#buttons=(Ok, estou ciente!) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar a experiência de navegaçãoSaiba Mais
Ok, Go it!