Povos da Amazônia rondoniense em Costa Marques (Luciana Oliveira) |
Um grande encontro com indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas movimentou o município de Costa Marques entre os dias 19 e 21 de agosto de 2023.
Tecendo uma rede de resistência e luta desde 2017, realizaram o IV Encontro da Rede dos Povos e Comunidades Tradicionais de Rondônia, na Comunidade Quilombola do Forte Príncipe da Beira, às margens do rio Guaporé.
O tema deste encontro foi: Território e Educação: O grito de todos os povos!
Foram três dias de muito diálogo e articulação de ações permanentes para garantir direitos básicos e a demarcação de seus territórios.
Em Rondônia, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, das nove comunidades quilombolas do estado, apenas duas foram regularizadas.
No primeiro dia do encontro, a mística de abertura foi uma caminhada por locais de sofrimento dos povos escravizados na construção da fortificação militar erguida há 248 anos para estabelecer o domínio português na região.
No segundo dia ocorreram debates e trabalhos em grupo sobre território, educação, saúde, mulheres, juventude e estratégias de fortalecimento da Rede.
O último dia foi reservado à Audiência Pública convocada pela deputada estadual Cláudia de Jesus (PT), com participação de representantes de órgãos públicos de várias esferas em busca de soluções para os problemas de desamparo e ameaças a esses povos.
Em carta pública denunciaram que “a ausência da demarcação dos territórios é uma das graves omissões e violências perpetradas contra os corpos que são parte ancestral e presente deste espaço chamado Rondônia, onde a invasão do agronegócio tem apoio político e financeiro do Estado causando a expulsão dos povos da terra”.
Também cobraram respeito aos territórios já demarcados com a garantia de segurança e integridade destes espaços que sofrem violências causadas por invasões e grilagem, roubo de madeira, contaminação dos rios, doenças por agrotóxicos, coação e ameaças contra as lideranças e comunitários.
A deputada que convocou a audiência disse que vai dar encaminhamento à pauta apresentada pela Rede de Povos e Comunidades Tradicionais, por considerar pertinente e urgente. “A gente precisa ser porta-voz das comunidades junto ao governo do estado e ao governo federal para que as políticas públicas sejam alcançadas. Nosso intuito foi ouvir e conhecer a realidade para agir junto aos órgãos competentes”, disse Cláudia de Jesus.