AC: Marechal Thaumaturgo lidera casos de incêndios florestais em 2023

Análises apontam a expansão do arco do desmatamento para uma das regiões mais bem preservadas da Amazônia
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FRANCISCO COSTA
13 outubro 2023
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Fogo na floresta: incêndio florestal registrado em Marechal Thaumaturgo em 2020; desmatamento e fogo avança sobre santuário da Amazônia (Foto: Arisson Jardim/Cedida)

O isolamento geográfico de Marechal Thaumaturgo no Alto Rio Juruá, extremo-oeste do Acre, não tem sido uma barreira para evitar os impactos das ações humanas sobre uma das regiões mais bem preservadas da Amazônia. Os efeitos das mudanças climáticas, com a elevação das temperaturas e a redução do volume de chuvas, acabam por agravar ainda mais a situação.
A mortandade de peixes ocorrida no começo de outubro no rio Amônia pode ser uma das consequências das alterações ambientais ocorridas nos últimos anos no Vale do Juruá – seja pela ação humana (desmatamento e queimadas) ou da própria natureza.

E os impactos agora podem ser notados através dos dados científicos. Entre janeiro e setembro de 2023, Marechal Thaumaturgo foi o município acreano com o maior registro de incêndios florestais. Dos 403 hectares de cicatrizes de incêndios florestais detectados até o fim do mês passado no Acre, quase 160 foram em Marechal Thaumaturgo. Já outros 60 hectares de fogo dentro da floresta ocorreram no vizinho Porto Walter, também localizado no Alto Rio Juruá.

Dos 133 mil hectares de cicatrizes de fogo (queimadas e incêndios florestais) observados no Acre ao longo do ano, pelo menos cinco mil estão dentro dos limites de Marechal Thaumaturgo. Entre os 22 municípios acreanos, ficou na oitava posição com os maiores registros de áreas queimadas. Dos cinco municípios do Vale do Juruá, Marechal Thaumaturgo só fica atrás de Cruzeiro do Sul, a capital do Juruá, com quase 10.000 hectares de área queimada. Também com quase cinco mil hectares de “rastro do fogo” está Rodrigues Alves.

Dos 10 municípios do estado com mais cicatrizes, três são do Vale do Juruá, revelando a expansão do arco do desmatamento para a região extremo-oeste da Amazônia. Todos estes números fazem parte do mais recente Relatório de Alerta de Queimadas, elaborado pelo Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente (Labgama), da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Cruzeiro do Sul.

Quando se analisam os dados do programa BD Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o cenário também é preocupante. Por exemplo, Cruzeiro do Sul aparece como o terceiro município com o maior registro de focos de queimada em 2023: 511. A capital do Juruá supera até mesmo Rio Branco e Sena Madureira, municípios que sempre ocuparam o topo do ranking nos últimos anos.

Entre as unidades federais de conservação, a Reserva Extrativista (Resex) Alto Juruá é a segunda com mais registro de focos: 141, ou 15% dos 943 focos detectados até 12 de outubro. Em terceiro lugar com mais registro está o Parque Nacional da Serra do Divisor (94 focos), seguido pela Resex Riozinho da Liberdade (50 focos). Todas as três áreas protegidas estão no Vale do Juruá.

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