Hidrelétrica em Rondônia ameaça povos indígenas e grupos isolados

Projeto de energia na Amazônia pode extinguir povos originários
Compartilhe no WhatsApp
FRANCISCO COSTA
1 junho 2024
0
Vista aérea do rio Marmelos, na TI Tenharim Marmelos, cuja cabeceira está localizada próxima à barragem no rio Machado - (Foto: Eduardo Passaro/IIEB)

"Este projeto não só ameaça nossas terras, mas também nossa cultura e modo de vida. Nossas florestas, nossos rios, tudo isso está em perigo", diz o Cacique André Karipuna. 



O projeto da Usina Hidrelétrica (UHE) Tabajara, planejado para Rondônia, está gerando grande preocupação devido ao seu impacto sobre nove territórios indígenas, incluindo áreas de grupos isolados. O reservatório previsto terá uma área de 97 km² em Machadinho d’Oeste, afetando diretamente comunidades que já enfrentam diversas ameaças ambientais e sociais.

Os povos indígenas afetados incluem os Karitiana, Karipuna, Cassupá, Salamãi, Uru-Eu-Wau-Wau, além de grupos isolados cujas identidades e modos de vida são pouco conhecidos e altamente vulneráveis a qualquer tipo de intervenção externa. As análises indicam que sete áreas com registros de presença de grupos indígenas isolados serão influenciadas pelo empreendimento, exacerbando o risco de contato e doenças, além da perda de territórios tradicionais.

Impactos ambientais e sociais

Segundo o pesquisador de antropologia da Universidade Federal de Rondônia, Dr. Marcos Ribeiro, "os impactos de um projeto dessa magnitude são profundos e muitas vezes irreversíveis. A construção de hidrelétricas na Amazônia resulta em desmatamento significativo e mudanças no regime hidrológico dos rios, que afetam diretamente a biodiversidade e a subsistência das comunidades indígenas".

O líder indígena da comunidade Karipuna, André Karipuna, afirmou que "este projeto não só ameaça nossas terras, mas também nossa cultura e modo de vida. Nossas florestas, nossos rios, tudo isso está em perigo".

Dados alarmantes

Estatísticas recentes mostram que a degradação ambiental na Amazônia está em níveis alarmantes. Em Roraima, por exemplo, foram registrados mais de 282 mil hectares de área degradada pelo fogo nos primeiros quatro meses de 2024, a maior em 15 anos. Essas queimadas afetam diretamente as terras indígenas e a biodiversidade local.

Pressão por soluções sustentáveis

Para mitigar os danos, organizações de direitos indígenas e ambientais estão pressionando o governo e a Justiça a reverem a autorização do projeto. A Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou a importância de projetos que respeitem os direitos indígenas e o meio ambiente, ressaltando que iniciativas desrespeitosas podem ser canceladas. "Precisamos de um desenvolvimento que inclua todos, respeitando os direitos dos povos indígenas e protegendo nossas florestas", afirmou Guajajara.

Ambientalistas e defensores dos direitos indígenas estão pedindo uma revisão urgente dos planos para a UHE Tabajara. A ativista indígena Txai Suruí ressaltou que "existem direitos que não se negociam. Nossa luta é pela sobrevivência de nossas futuras gerações".

A construção da UHE Tabajara é um exemplo claro dos desafios enfrentados pelos povos indígenas na Amazônia em relação ao desenvolvimento de infraestrutura que ignora seus direitos e modos de vida. A situação atual exige um diálogo inclusivo e soluções que considerem tanto as necessidades energéticas quanto a proteção dos direitos humanos e ambientais dos povos indígenas da região​ (Com informações do InfoAmazonia). 


Siga no Google News

Postar um comentário

0Comentários

Postar um comentário (0)

#buttons=(Ok, estou ciente!) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar a experiência de navegaçãoSaiba Mais
Ok, Go it!