Nova seca, ainda mais severa, é esperada para a Amazônia

Aquecimento do Atlântico Norte deverá trazer grandes impactos para estados amazônicos
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FRANCISCO COSTA
6 junho 2024
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O rio Madeira chegou no seu menor nível de todos os tempos (Foto: prefeitura de PVH/RO)


O Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) prevê que o verão amazônico deste ano em Rondônia será marcado por níveis recordes de seca e calor. Segundo o gerente regional do Censipam, a situação dos rios do estado deve atingir um ponto crítico até o fim deste ano. 

No início de 2024, os rios se transformaram em praias. A desertificação matou peixes e vários animais de água doce. Comunidades desapareceram após o fenômeno de "terras caídas". Povoados ficaram sem comida, água, transporte e isolados. Os moradores não se recuperaram dos fenômenos climáticos extremos e novos impactos mais fortes são esperados. 

Dados monitorados pela Universidade de Yale (EUA) mostram que o Atlântico Norte está aquecendo, o que preocupa os especialistas. "O aquecimento do Atlântico Norte é um indicativo de que a seca deste ano provavelmente será muito mais severa do que a do ano passado", explicou Caê Moura, gerente do Centro Regional de Porto Velho do Censipam.

Em outubro de 2023, o rio Madeira atingiu seu pior nível histórico, com apenas 1,10 m de profundidade. Segundo a Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd), cerca de 15 mil pessoas nas margens do rio foram afetadas pela falta de água.

O Comitê de Crise Hídrica, formado por diversos órgãos governamentais, está planejando ações para mitigar a seca e responder a situações emergenciais. "Esperamos precipitações abaixo da média em toda a Amazônia Legal, devido ao El Niño. A Defesa Civil trabalhará conosco, e teremos uma sala de monitoramento para acompanhar os dados em tempo real", afirmou Caê.

FOGO PARA CRIAR GADO E PLANTAR MONOCULTURAS

Rondônia registrou um aumento de 50% no número de focos de queimadas nos primeiros cinco meses de 2024, comparado ao mesmo período de 2023, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Os focos ativos, detectados em tempo real via satélites, somaram 282 entre janeiro e maio de 2024, comparados aos 188 no mesmo período de 2023. Março foi o mês com o maior número de focos, totalizando 79, enquanto janeiro teve o menor número de registros.

Para que os satélites de órbita detectem um foco de incêndio, ele precisa ter pelo menos 30 metros de extensão por 1 metro de largura. Já os satélites geoestacionários necessitam que a frente de fogo tenha o dobro desse tamanho, segundo informações do Inpe. 

O desmatamento ocorre para abrir clareiras na floresta onde será criado gado ou preparar a terra para cultivo de soja. Uma ação que envolve grileiros dentro de terras públicas. (Com informações do G1 RO) 


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