Crise hídrica: Porto Velho recorre a distribuição de água potável e perfuração de poços artesianos

Cientista dizem que agosto será o mês mais crítico. Em várias regiões do estado não chove há 30 dias.
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Voz da Terra
1 julho 2024
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Cientistas alertam que será a maior crise hídrica da história (Foto: Secom PVH/RO)

Na seca extrema famílias vão receber água potável, mas não há garantias de sobrevivência econômica e segurança alimentar. Enquanto isso, o número de incêndios florestais aumenta.

Voz da Terra

Novas medidas de enfrentamento à crise hídrica provocada pela estiagem amazônica, já iniciaram. Além do monitoramento do rio, água potável será distribuída para famílias ribeirinhas durante os meses mais críticos de seca: agosto, setembro e outubro. De acordo com especialistas e instituições públicas que monitoram mudanças climáticas, o mês de agosto será mais severo. Uma situação preocupante são as queimadas, que teve crescimento em relação ao mesmo período do ano passado. Na Capital, completou 30 dias sem chuva. Essa seca é ruim para bioma Amazônia afetando o modo de vida das populações da floresta. Causa desgastes econômicos, sociais, ambientais e danos na saúde mental. 

Governo e prefeitura não falam de incentivos econômicos e planos de mitigação a longo prazo. Em 18 de junho, o nível do rio atingiu seu menor valor do ano, 4,15 metros, entrando em estado de alerta. Previsões do Serviço Geológico do Brasil (SGB) indicam que, em setembro e outubro, o nível pode baixar ainda mais devido à ausência de chuvas.

O Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) prevê que a seca de 2024 pode ultrapassar os níveis de 2023, quando o rio registrou a menor marca histórica de 1,43 metro em setembro.

A Prefeitura de Porto Velho, publicou decreto (decreto Nº 19.800, de 08 de março de 2024) criando o Comitê de Gestão de Crise para gerenciar ações emergenciais e mitigar os impactos da seca em setores como navegação, distribuição de alimentos e medicamentos.

Ribeirinhos afetados

Cerca de 120 mil litros de água serão distribuídos para comunidades ao longo do rio Madeira, com início previsto para agosto e continuidade em setembro e outubro.

A Defesa Civil fornecerá água para 338 famílias das comunidades; Silveira, São Miguel, Mutuns, Pau D’Arco, Cujubim, Bom Jardim e Marmelo por transporte terrestre. Pelo meio fluvial, embarcações atenderão 78 famílias das comunidades Curicacas, Pombal, São José, Ilha Nova e Conceição do Galera.

Elias Ribeiro, coordenador da Defesa Civil Municipal, enfatizou que o monitoramento do nível do rio continua, e as equipes orientam as comunidades sobre riscos em áreas com barrancos, navegação e uso do rio por banhistas. Reuniões quinzenais com SGB, Censipam, Agência Nacional de Águas (ANA) e Sala de Crise Hídrica avaliam a situação hídrica em Porto Velho.

"Ano passado, fomos surpreendidos pela escassez hídrica. Para 2024, já houve uma previsão antecipada de trabalho. Nos reunimos para conhecer as áreas de fragilidade e instituímos o Gabinete de Crise para garantir maior segurança para a comunidade, especialmente a mais vulnerável durante a seca. Estamos preparados para minimizar os impactos causados pela estiagem," afirmou Ribeiro.

Famílias vão receber água potável (Foto: Secom PVH RO)

Procurando água

Profissionais do Serviço Geológico e do munícipio estão perfurando o solo em busca de água. Serão construídos poços artesianos em cinco comunidades ribeirinhas do baixo Madeira. Sistemas de captação de água por bombeamento e filtragem de tratamento serão implementados para abastecimento.

Os poços artesianos estão sendo construídos nas comunidades: Terra Firme, Papagaios, Santa Catarina e nos distritos de Calama e Demarcação.

“Foram realizados nestas localidades estudos técnicos para assegurar os padrões de qualidade e minimizar os impactos ambientais, uma ação que se faz necessária a implantação e melhorias do sistema de abastecimento de água nas comunidades”, diz Heitor Santos Superintendência Municipal de Integração Distrital (SMD).

Fogo na floresta

Comparando com o mesmo período do ano passado, o número de denúncias de queimadas nas áreas verdes nas zonas urbana e rural dobrou. Em junho de 2023, 31 denúncias de queimadas urbanas foram recebidas pelo departamento de Fiscalização e Monitoramento Ambiental da Sema. Neste mesmo período, até o momento, 61 denúncias foram registradas. Por lei, a queimada urbana é considerada crime ambiental passível de multa, e os valores da infração variam de 1 a 100 mil Unidades Padrão Fiscal (UPF), calculados proporcionalmente ao

“Nós já observamos um aumento significativo na demanda de denúncias de queimadas. É devido à estiagem ter começado mais cedo, e o período tá sendo bem difícil por conta de muitos terrenos baldios tomados por lixo, por mato, onde a população às vezes vê o terreno baldio abandonado, acaba achando que é um depósito de lixo e jogando detritos. Além disso, temos também as pessoas que costumam limpar seus terrenos baldios com fogo e, infelizmente, o aumento é muito grande”, explicou o diretor do departamento de fiscalização ambiental, Rainey Viana.

A prefeitura diz que aumentou ações de educação ambiental. Atualmente, além de palestras educativas em escolas, equipes também estão visitando empresas e fazendo pit-stop educativo com ações voltadas para a conscientização e preservação do meio ambiente.

Para denunciar os focos de incêndio, a população pode enviar mensagem no WhatsApp da Sema em qualquer horário, através do disque denúncia: 69 98423-4092. Também é possível ir presencialmente na Sema, localizada na rua General Osório, nº 81, Centro, das 8h às 14h.

Agosto será crítico

De acordo com informações fornecidas pelo Governo de Rondônia, o nível do Rio Madeira em Porto Velho poderá ficar abaixo da cota de emergência de 1,70 metros até agosto de 2024, devido à intensificação da estiagem.

Entre 17 e 24 de junho, o nível mais baixo registrado pelo boletim hídrico da Defesa Civil Estadual foi de 4,09 metros, quatro metros abaixo do registrado no mesmo período em 2023, quando o rio estava em 8,37 metros.

Em 2023, o nível do rio estava na média histórica durante este período, mas ainda assim foi verificado até 1,11 metros em outubro, marcando um nível abaixo da cota de escassez hídrica.

Desde janeiro, o nível do Rio Madeira tem oscilado próximo das mínimas históricas, o que pode causar impactos semelhantes aos da seca severa de 2023. Em um mês, o nível do rio caiu de 8,42 metros: em 30 de maio para 4,91 metros em 30 de junho, conforme dados do Serviço Geológico do Brasil. 

Na última semana de junho, o rio passou por um "repiquete", um fenômeno em que o nível da água sobe devido às chuvas e depois volta a baixar. O Sistema de Alerta Hidrológico do Rio Madeira (SAH Rio Madeira) prevê que a vazante continuará nas próximas semanas, mas pode ocorrer outro repicagem nos primeiros 15 dias de julho devido à previsão de chuva na bacia do rio Beni na Bolívia. 

Meteorologistas do governo, dizem que as previsões climáticas indicam um acumulado de chuvas abaixo da média histórica para o período de estiagem. A Bacia do Madeira entra num período de recessão com níveis muito baixos, especialmente na região de Porto Velho, apontando que o nível do rio poderá facilmente atingir a cota de alerta.

Os índices de chuva estão abaixo da média, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No dia 25 de junho, Porto Velho completou um mês sem chuvas, com a redução das precipitações ocorrendo em maio, marcando a transição da estação chuvosa para a estação seca na Amazônia.

O boletim do tempo do Inmet para os próximos dias indica muito sol e céu claro a parcialmente nublado, sem previsão de chuva para todo o estado. (Com Secom PVH/RO/G1/Gov Ro) 


Focos de queimadas em Porto Velho (Foto: Secom PVH/RO)

 
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