Cachoeira de areia e falésia: 30% do Morro do Careca pode deixar de existir em 10 anos

Professor da UFRN aponta que não há estudo específico sobre processo de erosão; Idema estuda circunstâncias atuais do Morro
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FRANCISCO COSTA
20 agosto 2022
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O Morro do Careca é uma área ambiental protegida desde 1997, e é considerada patrimônio histórico e cultural da cidade de Natal. 

A junção da mata atlântica com a areia das dunas formam um dos cartões-postais mais conhecidos da capital potiguar. Essa paisagem não é estática e tem sofrido alterações naturais e humanas ao longo das últimas décadas.

O repórter Ney Douglas visitou o Morro e verificou a existência de uma “cachoeira” de areia. Com o processo, uma espécie de falésia apareceu recentemente na base da duna, possuindo cerca de 2 metros de altura. As falésias, chamadas de grupo Barreiras – estrutura geológica de cor avermelhada presente na base do Morro do Careca – estão ficando cada vez mais expostas.

Essa área é isolada com uma cerca de proteção para evitar o trânsito de pessoas, mas, mesmo assim, é muito comum ver banhistas na parte de dentro da cerca. A presença de pessoas nessa região é perigosa pois a qualquer momento pode haver um deslocamento natural de massa.

A subida de pessoas no Morro do Careca deve continuar sendo evitada pois essa ação, acelera a movimentação da areia, que se desloca para a base e consequentemente é levada pelas ondas do mar, contribuindo para a diminuição do Morro. O transporte eólico – quando parte da areia da costa é levada pelo vento – e a movimentação do mar também influenciam o processo de erosão.

Ainda não existe uma previsão exata de quanto tempo a estrutura do Morro pode mudar drasticamente. Porém, analisando a paisagem atual com a de 20 anos atrás, é nítida a mudança principalmente na vegetação.

Pelo fato de não existir um estudo direcionado ao processo erosivo, se torna muito difícil obter números exatos de quanta areia foi depositada e quanta foi erodida, e também dificulta na hora de decidir quais são as melhores medidas para retardar a erosão. 

Segundo o pesquisador e professor de geografia na UFRN, Rodrigo de Freitas, se nada for feito, daqui a 10 anos 30% do morro pode deixar de existir.

De acordo com ele, o Morro do Careca é muito importante para a cidade desde o ponto de vista geográfico, geológico, biológico, cultural e econômico. 

“O Morro do Careca é um dos principais símbolos visuais de Natal e do Rio Grande do Norte. Se a gente não cuida dessa identidade a gente tá matando uma parte cultural, e também o aspecto econômico. Pois em função de ter uma identidade forte, as pessoas vêm de longe para ver, tem uma importância econômica muito grande. Se o Morro acabar a gente vai matar uma parte da identidade de Natal e também da economia”, informou. (Do AgoraRN)

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