População de Rondônia respira 100 cigarros por dia com fumaça das queimadas

Especialistas apontam que a qualidade do ar na capital de Rondônia é pior do que o da China.
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FRANCISCO COSTA
27 agosto 2022
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Visibilidade do rio Madeira, em Porto Velho, comprometida com fumaça de queimada — Foto: Edson Gabriel

O começo da semana chegou a sua pior marca nesta sexta-feira (26). Segundo especialistas ouvidos pela Rede Amazônica e pela CBN Porto Velho, a qualidade do ar na capital de Rondônia equivale a fumar 100 cigarros por dia e é pior do que o ar da China.

"São dados históricos, na verdade, é um momento que nunca ocorreu na nossa região. Em Porto Velho, que não é uma região intensamente industrializada, estamos respirando o ar pior que o da China hoje. Tudo isso motivado por uma coisa só: pelas queimadas", explicou o Dr. César Guimarães, Analista Ambiental e Doutor em Biologia Experimental.

Segundo o site de meteorologia Meteoblue, Porto Velho está na região com os piores índices de qualidade do ar, com mais de 100. Na escala CAQI, a qualidade é avaliada em uma escala de 1 a 100, onde um valor baixo significa boa qualidade do ar e um valor alto significa má qualidade do ar

A fumaça é oriunda das queimadas intensas que ocorrem no sul do Amazonas e em Rondônia. Dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que nos 15 primeiros dias de agosto deste ano, 267 focos de queimada foram registrados em Porto Velho.

"O arco do desmatamento tem aumentado cada vez mais. Ele está passando exatamente pela nossa região e agora nós criamos o arco do fogo, que é exatamente o mesmo arco que acompanha o desmatamento", disse Dr. César Guimarães.

100 cigarros por dia

Segundo o analista ambiental, o ar respirado em Porto Velho nesta sexta, equivale ao fumo de 100 cigarros.

"É um ar que equivale a fumar 100 cigarros em termos de material particulado. É um índice extremamente alarmante e que precisa de uma atuação contundente do poder público para minimizar o estado de calamidade pública ambiental", apontou.

Segundo o Ministério da Saúde, os humanos são afetados pelas queimadas porque a fumaça proveniente delas contém diversos elementos tóxicos.

"O ar completamente poluído, deteriorado e as condições de qualidade do ar não devem melhorar nos próximos dias e isso é muito ruim, não só pro meio ambiente, mas também é ruim por uma questão de saúde pública, porque essa fumaça, essa fuligem, ela é constituída de partículas muito finas, muito pequenas e ela consegue penetrar nosso sistema respiratório e não consegue sair", explicou Willy Hagi, meteorologista da Meteonorte e colunista da rádio CBN Porto Velho.

'Azul, nosso céu é sempre azul...' será mesmo?

O trecho do hino de Rondônia que indica que o céu do estado está sempre azul, foi rebatido por uma internauta. Nas redes sociais, diversos usuários reclamaram do ar e da intensidade da fumaça.

"Não podemos observar nem o céu, só temos fumaça ao invés de noites estreladas e o céu azul tão bonito como no hino de Rondônia está longe de ser apreciado", disse uma internauta.

De acordo com o Inpe, a atual temporada de queimadas na Amazônia registrou, na segunda-feira (22), um recorde negativo: 3.358 focos de incêndio no intervalo de 24 horas. É a pior marca em 15 anos. Para o Dr. César Guimarães, o prejuízo das queimadas afeta a todos.

"Isso é uma prática cultural que precisa ser mudada e principalmente, isso só beneficia meia dúzia de pessoas, mas o prejuízo tá no ar para todos nós respirarmos", disse. (Informação do G1 RO)

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