Agosto e setembro de 2022 registraram maior acumulado de focos de calor desde 2010, aponta estudo

Artigo publicado na revista Nature apontou que as queimadas estavam associadas ao desmatamento.
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FRANCISCO COSTA
29 novembro 2022
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Sobrevoo na região da Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia), em uma área com cerca de 8.000 hectares de desmatamento - a maior em 2022 — Foto: Nilmar Lage/Greenpeace/Divulgação

Um artigo publicado na revista Nature Ecology & Evolution apontou que o acumulado de focos de calor na Amazônia em agosto e setembro de 2022 foi o maior desde 2010.

Segundo dados da pesquisa, foram 74 mil pontos de calor – 64% a mais do mesmo bimestre de 2021. As queimadas são consequência do aumento do desmatamento na Amazônia, que seguem na contramão dos compromissos assumidos pelo Brasil de lutar pelo desmatamento zero. Segundo o grupo de pesquisa, 62% dos incêndios ativos detectados nos dois meses de 2022 ocorreram em áreas recentemente desmatadas.

“A grande incidência de queimadas em 2010 foi explicada por um evento de seca extrema que ocorreu em grande parte da Amazônia. Já em 2022 não houve nada semelhante, ou seja, o aumento nos focos de calor estava claramente relacionado com outros fatores”, explica Guilherme Mataveli, pesquisador de pós-doutorado na Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Queimadas superam acumulado de 2021

O ano ainda não terminou, mas o total de queimadas na Amazônia em 2022 já superou o acumulado do último ano.

Desde maio, todos os meses aparecem com mais registros de queimadas do que na comparação com o ano passado. Os números também mostram que setembro intensificou essa marca negativa – o mês representa 50% de tudo que foi queimado nos nove primeiros meses de 2022.

Recorde em 24 horas

Em agosto de 2022, o Inpe também registrou o pior dia de queimadas em 15 anos. No intervalo de 24 horas, a Amazônia registrou 3.358 focos de incêndio. A data mais recente a registrar um recorde de queimadas havia sido 30 de setembro de 2007, quando o satélite que monitora a região flagrou 3.936 focos em 24 horas

Os 3.358 focos representam ainda quase três vezes aquilo que foi visto em uma data emblemática na história de destruição do bioma: o "Dia do Fogo".

O nome foi dado ao 10 de agosto de 2019, quando fazendeiros no Pará se articularam criminosamente para provocar queimadas ilegais em diversos pontos da região. Ao todo, foram 1.173 registrados no "Dia do Fogo".

Agosto deste ano também teve outro recorde: o mês registrou 33.116 focos de queimadas, o maior número para o mês desde 2010, quando 45.018 focos foram registrados. (G1)

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