Empresários falsificavam documentos para extrair madeira ilegal de terras indígenas em Rondônia

Olheiros eram responsáveis por monitorar policiamento nas estradas por onde seria transportado caminhões com madeira do desmatamento ilegal
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FRANCISCO COSTA
12 dezembro 2022
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Madeira retirada de terras indígenas que causa desmatamento (PF)

A Polícia Federal de Rondônia realizou nesta segunda-feira, 12, uma a ‘Operação Enganos’ com objetivo de desarticular um grupo criminoso formado por empresário, caminhoneiros, madeireiros, olheiros e indígenas responsável pela extração ilegal de madeira e diversos crimes ambientais no Parque Aripuanã e na Reservar Roosevelt, na região de Espigão do Oeste e Cacoal, distante 541 quilômetros de Porto Velho.

Durante a investigação foi identificada a atuação de diversos caminhoneiros especializados em retirar madeiras de terras indígenas, que ainda faziam uso de sofisticado sistema de comunicação, para escapar de possíveis fiscalizações. Foram identificados olheiros responsáveis por avisar em caso de policiamento na região. 

A investigação ainda apontou as pessoas responsáveis pela receptação da madeira de origem ilícita, sendo parte destes receptadores responsáveis por pessoas jurídicas atuantes no ramo madeireiro. O grupo ainda contava com empresas que emitiam documentação falsa apta a “legalizar” madeiras oriundas de terras indígenas.

A justiça federal de Rondônia determinou a operação que contou com apoio de 100 policiais, 34 mandados de busca e apreensão em imóveis de residência de investigados e ainda em oito empresas apontadas como envolvidas nos crimes apurados. A justiça expediu 245 medidas cautelares alternativas, que inclui proibição de saída da comarca e contato entre os investigados. Vinte e oito (28) investigados terão ainda que colocar tornozeleira eletrônica. Ainda houve suspensão da Carteira Nacional de Habilitação, visando impedir novos transportes de cargas ilícitas de madeiras.

As ações de hoje são sequência de trabalhos que já levaram à destruição, pela Polícia Federal, de uma ponte ilegal construída para permitir a retirada de madeiras do Parque Aripuanã.

A ‘Operação Enganos’ recebeu este nome porque o principal investigado, intimado para prestar esclarecimentos perante a Polícia Federal, apresentou versão absolutamente incompatível com o que foi descoberto na investigação. Buscou o investigado, portanto, enganar a Polícia Federal, apresentando dados inverídicos sobre sua atuação, tendo até mesmo negado relação com atividades de extração das madeiras.

Os investigados poderão responder pelos crimes de furto, receptação e associação criminosa (artigos 155, 180 e 288 do Código Penal), destruição de floresta nativa (Artigo 50-A da Lei de Crimes Ambientais) e por desenvolver atividade clandestina de telecomunicação (Artigo 183 da Lei de Telecomunicações), cujas penas somadas podem ultrapassar 10 anos de prisão.

Dinheiro apreendido do tráfico ilegal de madeira em Rondônia (PF)
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