Harpia: o desafio de proteger a maior ave de rapina do Brasil

Monitoramento, pesquisa, turismo, fotografia e educação ambiental são as ferramentas para proteger a maior ave de rapina do Brasil.
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FRANCISCO COSTA
20 dezembro 2022
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Harpia em voo em trecho de Floresta Amazônica em Rondônia. Foto: Carlos Tuyama/Projeto Harpia

“Manter a árvore do ninho em pé e proteger um pequeno entorno daquela árvore é uma das nossas metas”, diz Tânia Sanaiotti, fundadora do Projeto Harpia, que completou 25 anos. “Se deixar só a árvore do ninho lá no meio do nada, o filhote não vai conseguir alçar o primeiro voo. É muito importante manter algumas árvores altas em que o filhote vai poder desenvolver sua musculatura”.

Considerada vulnerável pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), a harpia ou gavião-real (Harpia harpyja) é uma das maiores aves de rapina do mundo. Desde o século 19, ela perdeu mais de 40% de seu território, que abrange desde o México até a Argentina. No Brasil, a ave ocorria em todos os biomas. Atualmente, populações grandes, funcionais e diversas são encontradas apenas na Amazônia.

Monogâmicas, as harpias utilizam o mesmo ninho por décadas, tendo um filhote a cada três anos. Sumaúmas, castanheiras, jatobás e angelins são suas árvores favoritas, as mais altas da mata e também as mais cobiçadas por madeireiros. Dotadas de uma grande forquilha, as árvores eleitas precisam dar espaço às chegadas e partidas dos ninhos, que chegam a 2,5 metros de diâmetro. Lá, o filhote se desenvolve por cinco meses antes de arriscar o primeiro voo, de 15 a 30 metros de distância. Desenvolvida a musculatura, Tânia conta que uma ave adulta alcança 200 ou 300 metros em duas batidas de asas.

A espécie topo de cadeia, que pode chegar a 9 quilos, tem especial importância na manutenção da saúde do ecossistema, mas apresenta exigência peculiar: carnívora, precisa de cerca de 800 gramas de alimento por dia. Serpentes, lagartos e pássaros são bons petiscos, mas macacos, cotias e preguiças são as iguarias mais apreciadas.

Pesquisa, monitoramento, fotografia, turismo e educação ambiental têm sido ferramentas para proteger a maior ave de rapina do Brasil contra a perda de habitat e os desafios que emergem da devastação: a proximidade com comunidades humanas aumenta perseguições, caça e colisões com fios de alta tensão.

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