Oito ruralistas querem a terra do “Índio do Buraco”

Fazendeiros reivindicam a terra indígena onde viveu o último indígena do território Tanaru
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FRANCISCO COSTA
20 dezembro 2022
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Porto Velho (RO)
 – A Terra Indígena (TI) Tanaru, onde se isolou, morou e morreu o “Índio do Buraco”, está sob ataque. Na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) notificou fazendeiros vizinhos da TI para que não entrem nela. As notificações, entregues em mãos, foram uma nova tentativa para impedir o ingresso de pessoas no território, como vem ocorrendo desde que o indígena foi encontrado morto. E na Justiça, em outra frente, pecuaristas que afirmam ter antigos títulos de propriedade na TI, afetados juridicamente pela criação da área de proteção, já entraram com uma petição de retomada das terras.

Oito proprietários rurais requerem agora parte da Terra Indígena Tanaru, sendo seis de São Paulo e dois de Rondônia. São eles: Edson Ribeiro de Mendonça Neto (médico veterinário); Fernanda Louro Ribeiro de Mendonça (psicóloga); Helena Louro Ribeiro de Mendonça (advogada), moradores de Barretos (SP); Rodrigo Maia Jacinto, de São Paulo (SP); os irmãos Porthos Pádua Maia e Garon Maia (pecuaristas), ambos de Araçatuba (SP); Iolanda de Andrade Bertholasce, de Cacoal (RO), e Gutemberg Ermita, de Pimenta Bueno (RO). 

Os oito ruralistas aguardaram apenas dois meses após a morte do Tanaru e antes mesmo dele ser sepultado para ingressar com a petição junto à Fundação Nacional do Índio (Funai), em outubro. A Amazônia Real só obteve a lista por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) junto ao órgão indigenista, desmontada sob a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Garon Maia, um dos que entraram com o pedido, morreu em decorrência de um câncer três dias após seu advogado ingressar com a petição na Funai.

A conselheira do Conselho Indigenista Missionário de Rondônia (Cimi) de Rondônia, Verginia Miranda de Souza, é categórica em recusar essa solução proposta pelos pecuaristas: “Todos os povos daquela região têm conhecimento dessa terra, e não aceitam que ela seja entregue aos fazendeiros da região, os próprios assassinos desse povo. A ideia é lutar para que esse espaço sagrado do ‘Índio do Buraco’ seja demarcado como território de resistência ou terra indígena”. Segundo a conselheira, o movimento indígena organizou, recentemente, um encontro com entidades, MPF e indígenas da região da TI Tanaru para discutir o destino desse território. 

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