Repórteres Sem Fronteiras repudia escalada de violência contra a imprensa de Rondônia

Crimes contra a imprensa continuam sem solução no estado onde a maioria dos parlamentares e o governo são de extrema-direita.
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FRANCISCO COSTA
22 dezembro 2022
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Redação do maior jornal de Rondônia foi alvo de 19 tiros (Rondoniaovivo)

O resultado do segundo turno das eleições de 2022, foi devastador para jornalistas e veículo de comunicação em Rondônia, que são contrários às medidas do atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL) e também se posicionam de maneira crítica aos movimentos antidemocráticos que pedem retorno da ditadura militar, impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e até fechamento de emissoras de TV.

A organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), com sede em Paris repudiou os ataques e a escalada de violência contra a imprensa de Rondônia. A publicação feita pela RSF em sua rede social diz que "3 meios que fazem uma cobertura crítica dos atos antidemocráticos que se multiplicaram pelo país após o 2º turno das eleições tiveram suas sedes atacadas nos últimos 40 dias".

O caso mais recente ocorreu esta semana em Vilhena, distante a 700km de Porto Velho. Manifestantes usaram um carro de som para hostilizar jornalistas em frente à sede do jornal Folha do Sul, administrado pelo jornalista Dimas Ferreira, por conta de uma matéria publicada pelo jornal sobre prisões feitas pela Polícia Federal de integrantes de movimento bolsonaristas, acusados de bloquear rodovias e atacar a democracia brasileira. Um dos manifestantes tentou tomar aparelho telefônico do repórter do jornal.

Já na madrugada de 24 de novembro, a Rádio Nova FM foi alvo de um incêndio criminoso, que destruiu o forro, a central de ar, cadeiras e equipamentos da redação. Também há suspeita de motivação política, e o caso agora está na alçada da PF (5/7).

Além desses casos extremos, jornalistas também foram atacados durante a cobertura de diferentes atos antidemocráticos no estado. Em 4 de novembro, repórteres das afiliadas do SBT e da Globo foram cercados por manifestantes e impedidos de trabalhar (6/7).

"Mais de 70 ataques contra jornalistas cobrindo atos antidemocráticos relacionados às eleições já foram registrados no país. Tratam-se de violações à liberdade de imprensa e ao direito à informação da sociedade, que devem ser investigadas com rigor (7/7)", diz a RSF.

PRISÕES - A Polícia Federal prendeu na manhã do sábado (17-12-22) quatro pessoas em Colorado do Oeste, Rondônia. A operação, deflagrada junto ao Ministério Público do estado, cumpriu também sete mandados de busca e apreensão, e tem como alvos empresários, produtores rurais e um policial militar da reserva. Nove armas, mais de 500 munições de diferentes calibres e seis aparelhos telefônicos foram apreendidos. O objetivo é desarticular um grupo que, segundo as investigações, pratica crimes contra a liberdade ao bloquear as rodovias federais no estado.

De acordo com o MP-RO, as investigações foram iniciadas em novembro, após comerciantes, caminhoneiros e autônomos denunciarem ter sido constrangidos por líderes dos bloqueios nas estradas. Desde o resultado das eleições, em 30 de outubro, estradas por todo o país passam por constantes bloqueios realizados por movimentos antidemocráticos que contestam o resultado do pleito, com a derrota do presidente Jair Bolsonaro.

Os manifestantes estariam coagindo servidores públicos, impedindo o tráfego de pessoas — tentando obriga-las a aderirem aos atos —, obrigando comerciantes a fecharem suas portas para “demonstrar apoio” aos atos e impedindo pessoas de abastecerem seus veículos livremente. Ainda segundo as investigações, os caminhões tanques foram impedidos de passar, e a quantidade de combustível foi limitada para os moradores.

Em Porto Velho, um servidor público foi foi alvo de busca e apreensão na quinta-feira(15-12-22). Na casa deles, os policiais apreenderam celulares e documentos. Ele não teve seu nome divulgado.

Na segunda-feira (12), três empresários foram detidos acusados de trocar tiros com a polícia, quando se preparavam para incendiar um ônibus, durante atos antidemocráticos. Na região conhecida como Curva da Morte, na BR-364, próximo ao município de Jaru, distante 293 quilômetros de Porto Velho. 

Na terça-feira (13), a Polícia Rodoviária Federal desmobilizou os últimos bloqueios em rodovias no Estado. Os apoiadores de Bolsonaro  mantém acampamento na área de esportes que fica na frente da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, região central da capital rondoniense.
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