Bolsonaristas de Rondônia e outros 9 estados financiaram terrorismo em Brasília

O levantamento da ação dos golpistas é por imagens de câmeras de segurança da Esplanada dos Ministérios e de drones.
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FRANCISCO COSTA
10 janeiro 2023
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Terroristas destruíram Planalto, STF e Congresso (Marcelo Camargo - Agência Brasil)

Milhares dos vândalos que viajaram a Brasília não precisaram se preocupar com os gastos. Por trás do atentado contra a democracia, houve financiadores e também estimuladores que insuflaram a tentativa de golpe.

As prisões em flagrante aconteceram nas ruas e no Palácio do Planalto, STF - Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional . Imagens mostram policiais militares prendendo e algemando os golpistas dentro do Planalto. Segundo a Polícia Civil, no domingo (8), 300 terroristas foram detidos e identificados; 209 ficaram presos, depois de autuados e devem responder por crimes como golpe de estado, dano a bens públicos, lesão corporal, associação criminosa e porte de arma.

Na manhã desta segunda-feira (8), os criminosos foram transferidos para dois presídios do Distrito Federal.

No Congresso, a Polícia Legislativa prendeu 44 golpistas: 39 no Senado e 5 na Câmara. Eles passaram a noite detidos no próprio Congresso. Ao longo do dia, também foram transferidos para os presídios. E os investigadores seguem em busca de outros criminosos.

Imagens de câmeras de segurança da Esplanada dos Ministérios, de drones da polícia e vídeos divulgados pelos próprios invasores, estão sendo usados para reconstituir a ação e identificar um a um os autores.

Os golpistas usaram amplamente aplicativos de mensagens para convocar para o movimento terrorista. Diversas imagens capturadas em grupos bolsonaristas mostram como eles articularam a ação em Brasília, e comprovam que os ataques foram premeditados.

Uma das mensagens diz: “Tomada de Brasília”. Logo em seguida, os autores escreveram: “Não há previsão de data de retorno”. Em outra foto, os organizadores afirmam: “A ordem agora é acampar dentro do Congresso, Planalto e STF”. Em grupos radicais, circularam mensagens com informações sobre diversas caravanas que sairiam com destino a Brasília e o contato dos responsáveis pelos ônibus.

O Ministério da Justiça tem pressa em identificar os patrocinadores dos golpistas. Nos depoimentos, presos afirmaram ter recebido financiamento para participar dos ataques em Brasília e que em muitos casos, o patrocínio veio de estados eles não moram, como Pará, Rondônia e Mato Grosso.

Nos depoimentos, alguns dos presos contaram que as ofertas de dinheiro para participar dos atos de vandalismo foram feitas em grupos de aplicativos de mensagens. Um dos presos contou à polícia que veio de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, em uma caravana com pessoas de diversas cidades "sendo que não foi cobrada a passagem".

Na decisão em que afastou o governador Ibaneis Rocha, o ministro Alexandre de Moraes já havia mencionado a importância de se identificar e processar os financiadores dos atos terroristas. A história mostra que é uma estratégia eficiente.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nesta segunda-feira (9) que mais de uma dezena de mandados de prisão foram expedidos contra os golpistas, incluindo possíveis patrocinadores. A Polícia Federal identificou financiadores em ao menos dez estados.

“Não é possível ainda distinguir nitidamente responsabilidades quanto ao financiamento. O que é possível afirmar cabalmente é que havia financiamento. Nós temos a relação de todos os contratantes dos ônibus, todas essas pessoas serão chamadas a prestar esclarecimentos, porque são pessoas que contrataram ônibus que não eram para excussões turísticas. O que eu posso acentuar, frisar, realçar é que, seja quem for, os financiadores serão chamados a responsabilização penal e civil”, afirmou Flávio Dino.

O ministro da Justiça disse que, além do inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos, outros três serão abertos no Supremo Tribunal Federal sobre as invasões ao Palácio do Planalto, ao próprio STF e ao Congresso.

“Serão três inquéritos conduzidos pela PF e no curso desses inquéritos que haverá a investigação sobre os financiadores, sobre os instigadores, sobre os autores intelectuais e haverá, como mencionei há pouco, eventualmente, novos pedidos. Aí não mais de prisão em flagrante. A situação de flagrância se esgotou e agora nós estamos tratando de outros dois tipos de possíveis prisões, possíveis. Prisões temporárias, que são prisões para aprofundar as investigações, 5 dias a princípio, ou prisões preventivas para garantia da ordem pública e assegurar o cumprimento da lei penal”, explicou Dino.

Flávio Dino afirmou que os atos terroristas de domingo (8) foram resultado do ódio disseminado no país.

“Nós vimos a manifestação de um ódio contra instituições que foram tão duramente atacadas nos últimos anos. A exemplo do Supremo Tribunal Federal. As senhoras e os senhores que viram imagens, a nação brasileira que viu imagens, viu a materialização e o efeito do discurso de ódio que não era anedótico, como nós alertamos esses anos todos. Palavras têm poder e essas palavras se transformaram em ódio e destruição. Mas esta é outra cadeia de responsabilidade que não é propriamente jurídica ainda, que é uma responsabilização política. Porque há pessoas, líderes políticos, que são responsáveis pelo discurso de ódio e pela destruição que nós vimos ontem na sede dos Três Poderes visando um golpe de Estado”, afirmou o ministro da Justiça.

o secretário nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho, disse que os golpistas produziram provas contra eles mesmos. E que até as três da tarde desta segunda, o governo já havia recebido mais de 30 mil denúncias sobre financiadores, organizadores e participantes dos atos golpistas.

"Nós estamos numa situação bastante atípica, em que aquelas pessoas que praticaram uma série de crimes gravíssimos, a imensa maioria dessas pessoas acabou produzindo provas contra si mesmas. Porque fizeram gravações, publicações ao vivo, lives enquanto praticavam os crimes. E inclusive, toda a questão que envolveu o financiamento e o dinheiro, optaram por publicizar isso. Portanto, neste momento, a investigação, tanto a PF quanto os canais de denúncias, estão partindo inicialmente dessas imagens produzidas pelos próprios criminosos, mas também por uma investigação normal a partir do serviço de inteligência e as equipes da polícia estão trabalhando", disse. (Jornal Nacional/TV Globo)

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