As previsões são de 20 mil garimpeiros ocupando a reserva yanomami e as poucas estruturas institucionais em funcionamento, inclusive postos de saúde.
Em
mais um desenrolar da crise yanomami, o governo federal decretou na
última segunda-feira (6) a ampliação dos efetivos da Polícia
Federal e da Força Nacional em Roraima, responsáveis por retirar
garimpeiros que estão ilegalmente na área. As previsões são de 20
mil garimpeiros ocupando a reserva yanomami e as poucas estruturas
institucionais em funcionamento, inclusive postos de saúde.
Os números indicam o tamanho do desafio que a Amazônia tem pela
frente, com a necessidade de programas que substituam a renda advinda
do garimpo ilegal por atividades econômicas que gerem tributos aos
municípios e financiem políticas públicas que garantam
alternativas sustentáveis para o território e para a população
local. É o que afirma Sergio Andrade, mestre em gestão e políticas
públicas, e diretor executivo da ONG (Organização Não
Governamental) Agenda Pública.
“Serão necessários anos para reestruturar a assistência aos
indígenas e um amplo debate com a sociedade amazônica, uma
repactuação que precisa passar pela criação de novas fontes de
renda mais sustentáveis. É uma utopia acreditar que o problema será
resolvido se a população amazônica não contar com opções
alternativas para garantir sua subsistência”, reforça o
especialista.
Sérgio lembra que a bioeconomia, por exemplo, tem grande
potencial na região, permitindo uma distribuição mais justa da
renda e menos impactos ambientais. Nesse sentido, é fundamental que
os governos locais tenham papel de liderança e consigam incorporar
as demandas da população em seus programas de governo.
Quem é ele - Sérgio Andrade é o diretor executivo da Agenda Pública,
organização que desenvolve há 14 anos projetos de desenvolvimento
sustentável para a melhoria dos serviços públicos brasileiros. A
entidade busca unir governos, empresas e a sociedade civil para
encontrar as condições necessárias para a implementação de
políticas públicas na Amazônia e para fomentar o desenvolvimento
econômico dessa região. É cientista social e mestre em gestão e
políticas públicas, com mais de 20 anos de experiência na gestão
de políticas públicas e projetos socioambientais. Em 2015, recebeu
o prêmio de Empreendedor Social pela Folha de São Paulo. Integra a
rede global do Fórum Econômico Mundial e é membro do Conselho
Nacional de Transparência e Combate à Corrupção e da Comissão
Nacional dos ODS.