José Carlos dos Santos foi morto com 30 tiros (Foto: CPT - RO) |
Rondônia registrou outra morte por conflitos agrários. Já são cinco assassinatos em 2023. Segundo informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o agricultor José Carlos dos Santos, 54, conhecido como “Cascavel”, foi morto no sábado (14), no Projeto de Assentamento Antônio Conselheiro na cidade de Theobroma (RO). O crime aconteceu por volta das 21h. De acordo com testemunhas, o agricultor estava em casa quando foi alvejado.
Ao lado do corpo foram encontradas várias cápsulas de pistola
disparadas. A esposa, identificada como “Poca”, também foi
alvejada na perna, recebeu atendimento médico e se recupera na casa de amigos. De acordo com
vizinhos, José Carlos relatou que vinha sofrendo ameaças, inclusive
já teria sofrido um outro atentado. O agricultor era liderança
rural e defendia a reforma agrária para todos na região de
Machadinho do Oeste. A morte é atribuída ao trabalho dele no acampamento Ipê, ocupado por 150 famílias no Distrito de
Tabajara em Theobroma. Nossa reportagem não conseguiu apurar se as vítimas estava em programas de proteção do governo federal.
Testemunhas disseram que José Carlos dos Santos foi morto depois
que chegou da igreja. No momento que estava guardando sua motocicleta
em casa, foi vítima da emboscada com cerca de 30 tiros. O crime é investigado pelas polícias, mas não há pistas do atirador.
O CONFLITO
A luta pela posse de terra na região da morte de José Carlos dos
Santos, envolve um dos maiores grupos de educação privada do
Brasil, o Objetivo. Herdeiros de João Carlos Di Gênio, dono da
instituição de ensino, médico paulista, pediram na justiça de
Machadinho do Oeste a desocupação de um grupo de trabalhadores rurais que tinham ocupado a Fazenda Maruins, liderados pela Associação dos Chacareiros do
Vale do Anari.
É uma área com mais de 24 mil campos e futebol. No
entorno estão quase 8 mil hectares de terras públicas,
reivindicadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra).
O acampamento (Ipê) dos trabalhadores, permanece nas proximidades
da fazenda em lotes que foram comprados por camponeses. Em agosto deste ano, agricultores relataram ação truculenta de policiais militares e
civis. Os militares chegaram no local armados sem mandado judicial, revirando panelas, onde estavam comida e ordenaram que todos os camponeses fossem colocados em locais
diferentes, sentados no chão.
“Aconteceu quando estávamos indo trabalhar, passando pelas
picadas laterais dos lotes, fomos surpreendidos por tiros, foram
vários disparos de armas de fogo em nossa direção”, relatou um
dos camponeses em julho de 2023.
As famílias pediram ajuda, apoio e
proteção da Defensoria Pública, Comissão Permanente de Conflitos
Fundiários do Tribunal de Justiça de Rondônia.