Em um julgamento histórico que durou quase 12 horas e foi transmitido ao vivo pelo Tribunal de Justiça de Rondônia, o comerciante João Carlos da Silva foi condenado a 18 anos de prisão pelo assassinato brutal do líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, crime que chocou o Brasil e mobilizou a comunidade internacional em 2020.
Crime covarde e impiedoso
Na noite de 17 de abril de 2020, Ari Uru-Eu-Wau-Wau, de 34 anos, foi encontrado sem vida em uma estrada de Tarilândia, Rondônia, com marcas de espancamento. O crime, segundo a denúncia do Ministério Público, foi cometido por João Carlos da Silva, no bar de sua propriedade, após a vítima ter ingerido bebida alcoólica. Testemunhas relataram que o comerciante nutria ódio por Ari e o ameaçava de morte, motivado por uma mudança no comportamento do indígena após consumir bebida.
Liderança indígena em defesa da floresta
Ari Uru-Eu-Wau-Wau era um respeitado líder indígena e membro da equipe de vigilância "Guardiões da Floresta", responsável por proteger a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, um território de rica biodiversidade e um dos últimos grandes remanescentes de floresta em Rondônia. Sua morte brutal gerou comoção e revolta em todo o país, mobilizando entidades de defesa dos direitos humanos e da floresta.
Busca por justiça
Após um julgamento marcado por forte comoção social, o júri popular acatou as provas apresentadas e condenou João Carlos da Silva por homicídio qualificado. A sentença, de 18 anos de prisão em regime fechado, foi recebida com justiça e esperança por familiares, amigos e membros da comunidade indígena.
Mas a indigenista e ativista Neidinha Suruí clama pela identificação e punição do mandante do crime: "Esse julgamento mostra que podemos acreditar na justiça. Agora, exigimos que o mandante, quem o ajudou a assassinar o Ari, também seja punido e responda por este crime hediondo."
Um marco na luta contra a violência contra os povos indígenas
O caso de Ari Uru-Eu-Wau-Wau se tornou um símbolo da luta contra a violência brutal que os povos indígenas enfrentam no Brasil, em especial aqueles que se dedicam à defesa de seus territórios e da floresta.
A condenação de João Carlos da Silva representa um passo importante na busca por justiça e na garantia dos direitos dos povos originários, mas serve também como um alerta para a necessidade de ações mais efetivas no combate à violência e à impunidade que assolam as comunidades indígenas.
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