Tráfico Ilegal de mercúrio invade garimpos brasileiros

Mais de 180 toneladas de mercúrio de origem desconhecida entraram no Brasil em 5 anos
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FRANCISCO COSTA
8 junho 2024
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Uso de mercúrio em Rondônia (Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real)

Um estudo recente do Instituto Escolhas, organização reconhecida por suas pesquisas sobre o comércio ilegal de ouro no Brasil, revelou dados alarmantes: entre 2018 e 2022, cerca de 185 toneladas de mercúrio de origem desconhecida entraram no país, provavelmente destinadas ao garimpo ilegal. Essa quantidade representa um aumento significativo em relação às importações oficiais de mercúrio, que totalizaram apenas 68,7 toneladas no mesmo período.

O mercúrio, um metal altamente tóxico, causa graves danos à saúde humana e ao meio ambiente. Quando utilizado na extração de ouro, ele contamina os rios e peixes, que por sua vez, podem ser consumidos pela população, levando a problemas neurológicos, problemas de desenvolvimento em crianças, problemas renais e outras complicações.

O Brasil não produz mercúrio, e a importação do metal é regulada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No período entre 2018 e 2022, houve o registro da chegada de 68,7 toneladas do material.

O estudo De Onde Vem Tanto Mercúrio?, disponível na íntegra aqui, aponta que foram utilizadas entre 165 e 254 toneladas de mercúrio para produção de 127 toneladas de ouro registradas em áreas com permissão de lavra garimpeira no Brasil no mesmo período. Ou seja, há um grande volume excedente de mercúrio não registrado.

Impactos devastadores no meio ambiente

O mercúrio não se degrada no meio ambiente e se acumula na cadeia alimentar, afetando não apenas os seres humanos, mas também diversos animais, incluindo aves e outros peixes. A contaminação por mercúrio pode levar à morte de espécies, à redução da biodiversidade e ao desequilíbrio de ecossistemas inteiros.

Falhas no controle e necessidade de ação urgente

O fato de que uma quantidade tão grande de mercúrio tenha entrado no país de forma ilegal indica falhas graves no controle do comércio desse metal. Apesar do Brasil não produzir mercúrio e regular sua importação pelo Ibama, é evidente que as medidas atuais não são suficientes para conter o tráfico ilegal.

"Esses dados revelam falhas graves no controle do comércio de mercúrio, que representa um sério risco à saúde pública e ao meio ambiente. O Brasil precisa se comprometer com o fim do uso do mercúrio e, enquanto isso não acontece, é fundamental estabelecer um controle rigoroso sobre o metal que circula no país", alerta Larissa Rodrigues, pesquisadora.

É urgente que o Brasil tome medidas mais robustas para coibir o tráfico ilegal de mercúrio, proteger a saúde da população e preservar o meio ambiente. Isso inclui:

Fortalecer a fiscalização e o monitoramento: O Ibama e outros órgãos de fiscalização precisam ser equipados com recursos e pessoal adequados para identificar e punir os responsáveis pelo tráfico ilegal.

Aprimorar a legislação: As leis que regulamentam o comércio de mercúrio precisam ser fortalecidas e atualizadas, com penas mais severas para os infratores.

Investir em educação e conscientização: É fundamental conscientizar a população sobre os perigos do mercúrio e promover alternativas sustentáveis para a extração de ouro.

Cooperação internacional: O Brasil precisa colaborar com outros países para combater o tráfico ilegal de mercúrio em nível global.

O combate ao tráfico ilegal de mercúrio é um desafio complexo, mas é fundamental para proteger a saúde das pessoas e garantir a preservação do meio ambiente para as futuras gerações. A sociedade civil, o governo e as empresas precisam trabalhar juntos para construir um futuro livre do mercúrio.


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