De acordo com a análise Viabilidade da macaúba para a produção de biocombustível, encomendada pelo WWF-Brasil e elaborada pela consultoria Atrium Forest, o fruto tem capacidade de produzir óleo suficiente para satisfazer de forma sustentável a crescente a procura interna e global por biodiesel, sem exigir uma mudança no uso da terra e sem reduzir o rendimento das pastagens.
O fruto desta palmeira nativa do Brasil tem múltiplos usos e pode ser transformado em óleo vegetal, ração animal e um denso granulado de biomassa que tem diversas aplicações industriais. Além disso, é uma opção sustentável para a produção de óleo vegetal, uma vez que a espécie também cresce fora das zonas de floresta tropical, precisamente no Cerrado brasileiro, e pode ser plantada em sistemas agroflorestais ou consorciada com pastagens já existentes.
“Há uma necessidade urgente de reduzir o uso de energias fósseis, como o querosene, no setor de aviação, que está buscando inovações em termos de combustível limpo. A macaúba é uma excelente opção para gerar escala no uso de energia renovável e como combustível para aviação”, explica Ricardo Fujii, coordenador de conservação do WWF-Brasil.
A análise apresenta o potencial energético da macaúba, aponta estratégias opcionais de plantio compatíveis com o estágio atual de mercado e desenvolvimento da espécie, e avalia a viabilidade econômica do cultivo da macaúba em sistemas agroflorestais com integração lavoura-pecuária-floresta, inclusive em áreas degradadas como o corredor agrícola no Centro-Oeste. Também pode ser cultivada amplamente no Cerrado, principalmente consorciada com pastagens extensivas, alcançando produtividade satisfatória.
As 263 pesquisas científicas usadas para a elaboração da análise indicaram também que a tendência é de regeneração das pastagens, visto que a macaúba contribui para a melhoria da estrutura do solo, o aumento da infiltração da água pluvial e a retenção de água em decorrência de seu sistema radicular. “A macaúba é a espécie de menor risco técnico e econômico entre as candidatas a fornecer matéria-prima à produção de biodiesel e bioquerosene, dado que estão bem adiantadas as pesquisas sobre a cultura, já objeto de diversos pequenos projetos em andamento”, destaca Fujii.
Além do biodiesel e bioquerosene, é possível produzir tortas e rações de excelente qualidade para a alimentação animal, produtos alimentícios, farmacêuticos e cosméticos diversos. Desse modo, a macaúba pode contribuir para introduzir a agroindústria em regiões com economia pouca dinâmica e elevados indicadores de pobreza, promovendo geração de renda e empregos.
A viabilidade econômico-financeira da adoção da macaúba em regimes consorciados é altamente influenciada pelo carbono capturado e pelo valor auferido com ele. Por essa razão, a macaúba torna-se mais atrativa à medida que os mercados de carbono voluntários e obrigatórios se consolidem.