Brasil não consegue banir mercúrio na Amazônia

Metal pesado que contamina indígenas é altamente tóxico e precisa de mais controle na cadeia de produção e comércio
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Voz da Terra
24 junho 2024
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Beneficiamento do mercúrio (Foto: Bruno Kelly - Amazônia Real)


Dario Kopenawa, líder indígena Yanomami, denuncia uma crise de saúde pública. "Crianças nascem sem braços, mulheres sofrem infecções urinárias e problemas neurológicos. Algumas crianças já morreram", relata. A Fiocruz identifica o mercúrio, utilizado no garimpo ilegal de ouro, como a principal causa dessas tragédias. Entre 2018 e 2022, estima-se que 185 toneladas de mercúrio tenham sido empregadas em garimpos ilegais no Brasil, segundo o Instituto Escolhas.

O garimpo ilegal persiste, apesar dos esforços do governo para expulsar os invasores da Terra Indígena Yanomami. A reabertura do espaço aéreo sobre a região facilitou novas incursões. Rafael Giovanelli, do Instituto Escolhas, destaca que o mercúrio, majoritariamente proveniente da China, entra no Brasil através das fronteiras amazônicas. Este metal tóxico é amplamente comercializado em grupos de WhatsApp de garimpeiros, especialmente no Pará, líder na produção de ouro ilegal.

Países como a Bolívia, grandes importadores de mercúrio sem uma produção de ouro correspondente, provavelmente desviam o metal para o Brasil. O Peru e a Guiana também são pontos críticos de trânsito de mercúrio. No Brasil, as regulamentações do Ibama exigem cadastro e autorizações para comercialização de mercúrio, mas a fiscalização é falha. A vasta fronteira amazônica complica ainda mais o controle.

O Ibama está revisando as regras para a comercialização de mercúrio, exigindo documentação rigorosa em todas as etapas do processo. A Fiocruz alerta que o mercúrio é altamente tóxico, contaminando a água e alimentos como peixes, acumulando-se nos tecidos humanos e causando danos graves ao sistema nervoso. Paulo Basta, pesquisador da Fiocruz, encontrou mercúrio no organismo de todos os indígenas examinados na TI Yanomami, associando a exposição a abortos e malformações congênitas.

O Instituto Escolhas sugere que o Brasil siga o exemplo da Colômbia, que baniu o mercúrio no garimpo, e da indústria de cosméticos, que eliminou o uso do metal. Giovanelli conclui que a eliminação completa do mercúrio, especialmente no garimpo, é essencial para proteger o meio ambiente e a saúde humana. (Brasil de Fato)



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